Por Carmem Regina Quadros*
Especial
Há coisas na vida que não podemos deixar de fazer, e acredito que uma delas é conhecer a Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina. Já tinha visto fotos de gente dizendo que é uma das serras com estradas mais lindas do mundo. A primeira vez que fomos foi em outubro passado. Aquela viagem foi linda, mas, ao chegarmos no topo da serra, havia uma forte neblina, e não conseguimos avistar nada lá de cima. Saí frustrada, mas voltamos em janeiro – e não me arrependi.
Fomos pela BR-116, a fim de conhecer cidades do Interior gaúcho, como Nova Pádua, Flores da Cunha e Vacaria, no Rio Grande do Sul. Depois, fomos a Lages (SC), almoçamos em Bocaina do Sul e pegamos a BR-282. Dali, seguimos até Urubici, onde pernoitamos. É uma pequena cidade privilegiada pela natureza, que oferece muitas atrações, como o Morro da Igreja (Pedra Furada), ponto mais alto habitado de Santa Catarina, e a Serra do Corvo Branco, entre tantos.
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No dia seguinte, fomos a Bom Jardim da Serra, próximo à Serra do Rio do Rastro, por estradinhas asfaltadas, mas bem conservadas, com vistas muito bonitas, até chegarmos ao nosso destino. Para minha decepção, novamente havia muita cerração, mais do que da primeira vez.
A Serra do Rio do Rastro localiza-se no município de Lauro Müller, a 1.420 metros de altitude. No topo, há um mirante, de onde se pode avistar toda a região. A vista é magnífica, desde que não haja cerração. A serra é cortada pela rodovia SC-390, com muitas subidas íngremes e curvas bem acentuadas. O percurso faz parte da Mata Atlântica, e a fauna é variada, com a presença de quatis, tatus, tamanduás e macaco-prego, entre outros.
Havia poucas pessoas no lugar por causa do mau tempo. Apesar de ser janeiro, parecia um dia de inverno, pois estava nublado – e, com a cerração no topo, não podíamos apreciar a beleza do lugar novamente. Na chegada, fomos surpreendidos por vários quatis, alguns filhotes ainda. Muito dóceis, vinham cheirar as mãos dos visitantes.
Na descida, uma paisagem diferente
Há um bar e um restaurante no mirante, além de uma loja de suvenires. Porém, como fomos em uma quinta-feira e o tempo estava ruim, apenas o café e restaurante Mensageiro da Montanha estava aberto. Resolvemos fazer um lanche no lugar, que é muito aconchegante e com bom atendimento. Ficamos ali esperando a cerração passar, mas vimos que isso não iria acontecer tão breve, então resolvemos descer a serra, tristes por não poder visualizá-la. Mas, para nossa surpresa e alegria, assim que iniciamos a descida, não havia mais cerração. A sensação de ver aquelas montanhas, as árvores e a estrada sinuosa contrastando com o céu é indescritível.
Há alguns pequenos belvederes ao longo da estrada, que permitem ao visitante admirar o lugar. Em alguns locais, chega-se a sentir um certo medo, um friozinho na barriga, pela altura e pelas curvas fortemente acentuadas. À medida que se atinge maiores altitudes, o silêncio se torna tão intenso que o céu parece estar ali mesmo, a um palmo de sua cabeça.
*Leitora de ZH, a professora Carmem Regina Quadros, 58 anos, viaja com o marido Neco, 59 anos, especialmente por Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O casal usa uma moto Shadow 750, própria para a estrada, e tem o objetivo de mostrar que não é preciso ir muito longe para conhecer belos destinos. Eles relatam mais aventuras em www.necoecarminha.blogspot.com