Sobre eles
Romulo Wolff Pereira, 36 anos, é gaúcho de Osório, e Mirella Rabelo, 33 anos, é mineira. Ambos moravam em São Paulo antes de começar o projeto Travel and Share. Acompanhe os vídeos da dupla no canal do projeto no YouTube.
"O Romulo estava com 34 anos, e a Mirella, com 31, sem filhos e sem contas para pagar e pouco realizados com a carreira de executivos em empresas suecas. Então, era o momento para largar tudo e tentar uma vida diferente ou se dedicar para assumir posições de mais destaque na empresa.
Foi quando decidimos começar o planejamento da viagem de volta ao mundo. Planejamos por um ano (entre janeiro e dezembro de 2014) e deixamos nossos trabalhos em julho de 2014. Nos últimos seis meses antes de partir, nos dedicamos 100% aos nossos planos. Nesse período, apresentamos o projeto para mais de 150 empresas - no final, começamos a viagem com oito patrocinadores. Um deles nos deu um carro, já que o projeto inicial era viajar o mundo pedindo carona (mochilão).
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Para se destacar em meio a tantos blogs do tema, decidimos contar nossa viagem em vídeos - poucos blogueiros usam o YouTube como ferramenta. Queríamos criar conteúdo que pudesse mostrar com muita realidade o que estamos vivendo.
Caímos na estrada em janeiro de 2015, e o nosso primeiro destino foi a Argentina. Descemos até o extremo sul do país, em Ushuaia. Logo já havíamos atravessado as Américas do Sul, do Norte e Central - foram mais de 15 países e inúmeras histórias. Entramos no Canadá em 25 de fevereiro. Vamos atravessar o país no inverno, com muita neve e frio. Depois, enviaremos o carro para a Europa. Temos muita estrada pela frente: Ásia, Oceania e África.
Gostamos muito da Argentina e do Chile, ambos são países onde você pode encontrar de tudo um pouco, de glaciares e florestas a desertos e praias, além da hospitalidade, que foi 100%. Adoramos o Panamá, a Costa Rica, a Colômbia e o México.
Hospedagem
Nossa viagem é de muito baixo custo. Em relação à hospedagem, foram poucas as vezes que pagamos. Usamos o Couchsurfing, comunidade na internet em que pessoas locais oferecem seu sofá ou sua casa para viajantes. Outra ferramenta que utilizamos é o Mealsharing, comunidade onde moradores oferecem refeições para viajantes com intuito de trocar experiências.
Fomos muito bem recebidos em todos os lugares onde passamos. Inúmeras pessoas se identificam com a nossa história. Visitamos muitas famílias bem simples que faziam questão de dividir o pouco que tinham conosco. Ficamos na casa de um casal que não tinha condições financeiras de fazer uma viagem, então recebia os viajantes - diziam que era a maneira deles de conhecer o mundo sem sair de casa. Já no lar de uma família muito rica, o pai fazia questão de receber viajantes para que os filhos pequenos aprendessem que há maneiras diferentes de se viver.
Orçamento
Tentamos nos manter em um orçamento de US$ 1 mil por mês - mais ou menos US$ 33 por dia para os dois. Em alguns países, conseguimos viver muito bem com esse valor; em outros, como os EUA, ele é muito limitado. Por isso, tentamos cozinhar ao máximo nas casas onde estamos hospedados, o que ajuda a manter nosso custo baixo.
Os gastos são basicamente com diesel e comida. Em alguns momentos, precisamos gastar com seguro saúde, manutenção do carro ou envio dele de barco, por exemplo. Esses são valores muito altos, que já prevemos no início da viagem; tentamos criar uma poupança para arcar com esses custos. Em 376 dias na estrada, em apenas 44 pagamos para dormir. Das 332 noites em que dormimos sem gastar, 219 foram em Couchsurfing, e ganhamos 73 diárias em hotéis. Também tivemos 11 noites em campings, oito em postos de gasolina, duas nos bombeiros, seis em pátios de moradores e 13 no estacionamento de Walmart ou Home Depot.
A maioria dos passeios (quase todos) fazemos permuta - ou seja, oferecemos uma foto em nossas redes sociais ou menção em vídeo em troca. Está funcionando muito bem para nós.
Na América Central, foi muito difícil encontrar Couchsurfing, então nos hospedamos em diferentes hotéis em troca de publicidade em nossos vídeos. Nosso projeto está focado em redes sociais - meio em que compartilhamos nossas histórias e experiências - e temos audiência, o que era interessante para as empresas.
Já tivemos que dormir em postos de gasolina, bombeiros, presídios, presenciamos um tornado de areia na Bolívia, já enfrentamos uma nevasca a caminho do deserto do Atacama, quando tivemos que dormir na fronteira e enfrentar uma altitude a 4,2 mil metros a -4ºC. Além do frio nessa noite, sentimos o famoso mal de altitude, dor de barriga, vômito e alucinações. Na Costa Rica, o Rômulo parou no hospital por comer um atum estragado, depois de 12 horas no banheiro. A conta do hospital foi de US$ 1 mil para tomar soro - sorte que tínhamos seguro viagem.
O projeto
Ainda temos três anos na estrada ou mais. Queremos manter os mesmos projetos depois que a viagem de volta ao mundo acabar. Ainda não sabemos onde iremos morar. Estamos aproveitando a viagem também para encontrar lugares onde podemos nos instalar, manter as atividades da empresa e ser felizes (o que mais importa).
Estamos trabalhando em um projeto paralelo com o objetivo de ajudar pessoas que tenham planos semelhantes ou desejo de viajar. Se tudo correr bem, deve ser lançado no final do ano, com um livro em que contaremos as histórias que não foram relatadas nos vídeos."