Uma das dicas práticas que se pode dar ao turista que vai a Cuba é: leve um rolo de papel higiênico na bolsa. Eventualmente, em algum dia mais complicado, até em seu hotel em Havana esse artigo pode faltar. Os impactos do embargo americano que sufoca a ilha comunista estão por todos os lados. Tudo é escasso para o cubano, tanto que é praxe o turista antenado com a realidade local ir com a mala cheia de itens básicos para distribuir: xampus, sabonetes, absorventes, roupas e calçados usados, papéis, lápis.
Em Cuba, há duas moedas, o que complica ainda mais a vida da população. O trabalhador ganha em peso cubano, que serve para pagar contas como a de água. Para todas as outras compras, é preciso usar o peso convertible ( CUC), criado para o turismo. A garçonete que nos atendia em um resort em Varadero, por exemplo, ganhava 250 pesos por mês. Um CUC vale 25 pesos. Ou seja, na verdade, o salário dela era de 10 CUC. Sabe quanto custa uma garrafa de rum nos mercados? Entre seis e oito CUC. Um tênis de marca custa quase 100 CUC.
Entender a realidade do país que se está visitando é parte importante do turismo. E, em se tratando de Cuba, deixar a ilha sem perguntar e xeretar detalhes da vida, sem andar pela Ciudad Vieja e compreender por que tudo está tão abandonado é inconcebível. Ou ainda sem tentar entender como, apesar de tudo isso, aquele povo ainda tem tanta alegria de viver.
Mas Cuba tem lugares em que o turista pode ficar sem saber de tudo isso. Nos resorts espalhados pela bela costa do país, tudo é abundante: papel higiênico folha dupla, xampu, condicionador, sabonetes, comida e bebidas de todo tipo à vontade (os cubanos comem praticamente sempre a mesma coisa, dentro da cesta básica do governo), TV a cabo com canais do mundo inteiro. Um pequeno oásis no deserto, ainda que a pessoa que o servir não tenha quase nada disso.
Vá, curta a praia, o confortos dos resorts. As paisagens são belíssimas, e sempre haverá cubanos com um sorriso no rosto querendo compartilhar sua cultura. Mas aconselho: vá também aonde Cuba é mais crua, aonde você poderá fazer uma imersão na história lida nos livros, nas revistas e nos jornais, no que você viu nos filmes e documentários. E vá o quanto antes. ( Raúl Castro está abrindo o regime aos poucos. Você realmente vai perder de conhecer a Cuba comunista?).
Praias
A costa de Cuba tem praias lindíssimas. O balneário mais famoso ainda é Varadero, localizado na província de Matanzas. Se não fosse a salsa, os mojitos e os carros antigos, talvez você nem imaginaria estar na ilha de Fidel. A cidade é bem diferente de Havana e é construída quase exclusivamente para os turistas. O que existe lá resume- se praticamente a resorts e restaurantes. É possível também hospedar- se em hotéis comuns e aproveitar o mar mesmo assim.
Aliás, Varadero é um local tão à parte que, muitas vezes, os turistas estrangeiros nem sequer saem de lá para outras cidades cubanas. Cuba é para os canadenses, por exemplo, como Santa Catarina é para os gaúchos. Ajuda o fato de existir um aeroporto internacional ali ( mas, do Brasil, não há voo direto).
Casa de Ernest Hemingway
No alto de um morro, nos subúrbios de Havana, fica a Finca de La Vigía, casa onde o escritor americano morou. Pelas janelas e portas abertas ( não é possível passar disso), dá para ver os cômodos como deixados por Hemingway, inclusive a máquina de escrever usada para escrever O Velho e o Mar. Em meio a árvores, o visitante encontra uma grande piscina vazia, cujas margens ostentam os túmulos de seus cachorros. Erguendo o olhar, encontramos Pilar, o célebre barco no qual pescava.
Dá para chegar bem perto. Falando em cachorros, há vários que vivem ali e cercam os turistas em busca de comida e carinho. Uns queridos.
Foto: Franklin Reyes/ AP
Memorial de Che Guevara
Em Santa Clara, a três horas de carro de Havana, solitário, fica o memorial dedicado ao herói da Revolução. Além de um monumento imponente, o local tem um museu com belas fotos e pertences de Che. A maior atração, porém, é o túmulo onde se encontram os restos mortais do revolucionário. Para os fãs de Che, vale a viagem.
Dicas ZH
:: Por mais que você curta o conforto do ar- condicionado, por favor, não deixe de andar nos táxis antigos de Cuba. Várias vezes. E converse muito com os taxistas.
:: Não esqueça de levar repelente, ou os mosquitos vão devorá- lo. Aliás, não deixe para comprar nada desse tipo em Cuba. Há uma certa escassez de produtos, e o que se encontra geralmente é caro.
:: Não deixe de comer nos célebres paladares, restaurantes familiares de Cuba.
:: É possível também hospedar- se em casas de família.
:: A geração conectada precisa abstrair. Wi- fi na piscina? Não vai rolar. Na melhor das hipóteses, você vai conseguir internet ruim em um computador mais ou menos a um preço não muito bom.
:: Reserve 25 CUC para a volta: esse é o valor de uma taxa obrigatória que você deve pagar no aeroporto para deixar Cuba.
:: Da bebida nacional, o rum, originaram- se em Cuba dois drinks que ganharam o mundo: o mojito e o daiquiri. Não deixe o país sem bebê- los (e aprender a fazê- los com quem realmente sabe).
Foto: Divulgação
:: Não deixe de aproveitar a noite cubana para dançar muita salsa. Não sabe? Não interessa. Alguém vai querer ensinar.
Dinheiro
Esta é uma parte muito importante do planejamento de sua viagem a Cuba. Com apenas um descuido, você poderá se ver sem dinheiro na ilha de Fidel Castro. Confira algumas dicas:
:: Não há como adquirir a moeda cubana fora da ilha. Ou seja: você somente poderá comprar CUCs quando chegar a Cuba
:: Nenhuma casa de câmbio aceita real. Por isso, você precisa levar outra moeda estrangeira para fazer a troca: de preferência, euro. Cobra- se uma taxa de 10% no câmbio do dólar americano
:: Um euro equivale a 1,30 CUC. Ou seja, 1 CUC vale cerca de R$ 1,85
:: O melhor local para fazer a troca são as Cadecas, casas de câmbio que podem ser encontradas no centro de Havana. Hotéis e aeroportos também realizam a troca (de forma menos vantajosa)
:: Muito cuidado: cartões de crédito de bancos americanos não funcionam em Cuba. Antes de viajar, ligue para seu banco para garantir que o seu funcionará
:: Grande parte dos hotéis e muitas lojas aceitam dólar e euro, e os próprios cubanos não acham ruim receber nessas moedas estrangeiras na maioria dos casos
:: Não, você não está sendo enganado: há notas de 3 pesos em Cuba