Embarquei para o país dos contos das 1001 Noites disposta a me perder nos sentidos e saboresdo exotismo marroquino. Eu queria sentir a África muçulmana à flor da pele.
Antes mesmo de desembarcar do ferry-boat em Tanger, nossa primeira parada em solo africano depois de cruzar o estreito de Gibraltar e percorrer de ônibus a Costa do Sol na Espanha, estava fascinada com as surpresas que o novo destino me reservava. Mas ainda era preciso passar pela imigração, feita dentro do ferry. O que significava antes de tudo esperar numa longa e bagunçada fila. O curioso foi o questionamento sobre a minha profissão, a empresa na qual eu trabalho, o tipo de veículo.
Com o passaporte carimbado e a entrada garantida, estava pronta para desbravar a mescla de cultura, passado histórico, arquitetura, arte e costumes. Os labirintos das medinas - parte antiga das cidades cercadas por muros que abrigamos suks mercados populares) -, o luxo e o charme das mesquitas e seus minaretes, e a praça Jamma El Fina de Marrakesh com encantadores de serpentes e domadores de macacos.
E foi em Marrakesh, a famosa capital do turismo do Marrocos, que eu me deixei levar mais intensamente pelos sentidos. Encantada com a magia do desordenado mercado e querendo registrar todas as imagens, eu, meu marido e mais duas argentinas acabamos nos perdendo do guia e do grupo.
Ficamos isolados no meio da multidão e das vielas. Caminhamos em linha reta para um lado e nada do grupo. Retornamos e montamos uma estratégia. Dois ficariam de prontidão no último ponto no qual estávamos como grupo, e os outros dois seguiriam por uma das vielas principais. Para nossa sorte - ou azar - o nosso guia Hussein nos resgatou.
Depois de uma manhã intensa de visita a mesquitas, mercado, cooperativa de tapetes, meu corpo já começa a dar sinais de que algo de errado estava por vir. Mas eu só pensava na tarde livre que tinha para sentir a praça Jamma El Fina, já que na noite anterior tínhamos apreciado seus encantos noturnos, sorvendo um thé à lá menthe do terraço de um dos bares no local. Dica do meu colega Verner Uhlmann.
Depois de três dias no Marrocos, meu estômago se entregou aos temperos e aos cheiros locais. Mesmo passando mal, tentei não me entregar. Lancei mão do meu kit de primeiros socorros e invadi a praça. Tinha de respirar aquela atmosfera e, principalmente, tirar algumas fotos com os tais macaquinhos - muito mais simpáticos do que as cobras.
Cumprida minha missão, também precisava mostrar uma foto minha na praça aomeu colega, me entreguei. Retornei ao hotel para me restabelecer, o que precisaria ser feito em poucas horas. À noite, uma festa típica bérbere com cardápio farto e shows me aguardava. Mas, para mim, o tradicional cordeiro acabou sendo substituído por uma sopa e arroz branco.
E o breve passeio de camelo, transferido para um próximo roteiro - pelo visto, sem direito a grandes aventuras gastronômicas. Se bem que o curry já está na cozinha aqui de casa.