Quem frequenta as praias do Litoral Norte sabe como é difícil encarar os dias em que o famoso nordestão resolve aparecer. É um tal de chapéu voando para cá, guarda-sol para lá e gente correndo atrás deles que não para.
Para dar uma ajudinha aos veranistas que querem aproveitar a praia sem perder a proteção do guarda-sol, nossa reportagem saiu pelas areias de Capão da Canoa atrás de dicas de frequentadores e de profissionais. Se elas não forem suficientes, o jeito é segurar o dito cujo sem perder o bom o humor e nem o dia de praia.
Direção do vento
Parece óbvio, mas nem todo mundo presta atenção na direção do vento antes de instalar o guarda-sol. Esse é o primeiro passo para evitar a correria atrás dele na areia, ensina Daniel Ouriques, que além de garçom em um quiosque, monta barracas para os clientes do estabelecimento.
— Ele tem que ficar contra o vento. Os guarda-sóis mais fracos devem ser colocados bem baixinho e os maiores pode-se pedir uma cordinha para amarrar — diz.
A tal cordinha
Uma saída que tem sido adotada, especialmente pelos quiosques e barraqueiros, é amarrar uma corda na parte interna do guarda-sol, esticá-la e prendê-la na areia com a ajuda de um ganchinho de metal.
— Tem que deixar o guarda-sol bem reto para usar a corda. Ela deve ser esticada contra o vento também — explica Ouriques.
"Chupa-cabra"
Não se assuste! Esse chupa-cabra é o apelido dado à engenhoca feita de cano usada para retirar a areia no exato diâmetro para encaixar o guarda-sol. Com um funcionamento parecido com o de um saca-rolhas, o item é fundamental para os ratos de praia, garante Ouriques.
Profundidade
Outro fator que deve ser considerado na hora de se instalar o guarda-sol na beira da praia é a profundidade do buraco feito na areia.
— Quanto mais fundo melhor — garante o garçom.
Já Lauro Dornelles Maciel, oficial do Exército reformado, tem a medida do sucesso:
— De 30 a 40 centímetros!
Aparelhagem completa
Uma pazinha de obra cravada na areia disposta no entorno do guarda-sol e uma biruta instalada no topo do acessório lilás denunciam o cuidado que Maciel, 90 anos, tem antes de ir à orla. Saindo da parte interna do guarda-sol, uma corda é esticada até a areia, onde é presa com um gancho.
Expert em montar o acessório, ele não dispensa o "chupa-cabra" para abrir o buraco na areia. Depois, usa alguns segredinhos para firmar o item na areia.
— Eu tenho uma cantoneira de alumínio que dobrei e fiz uma ponta. Quando faço o buraco enviesado enterro a cantoneira, depois coloco areia em cima aí o próprio peso da areia faz com que segure o guarda-sol.
Quase um profissional na arte de instalar guarda-sóis, ele dá a dica para os "leigos":
— Olha, não tem muita ciência não: abra o buraco bem fundo.
Além de toda a aparelhagem do guarda-sol, ele ainda carrega elásticos para prender as cadeiras na hora de fazer o traslado entre a praia e a sua casa, pois é o "carregador" da família, e um termômetro para medir a temperatura da água.
Barracas antivento
De volta à Capão da Canoa neste domingo, o Nordestão foi responsável por uma "gambiarra" até nas barracas à beira-mar. O técnico em eletrônica Eduardo Marques da Silva deu uma improvisada na hora de instalar o acessório. Seguindo a mesma lógica ensinada por Ouriques, de posicionar o guarda-sol contra o vento, ele ajustou a altura da tenda contra o Nordestão.
Ele explica que, normalmente, as tendas são presas somente nos quatro cantos, porém, desta vez, foi preciso colocar mais reforço nas cordas.
— Hoje, tinha vento demais. Tentamos cavar e colocar a tenda direto no chão e não conseguimos. Como os cantos quase foram quebrados pelo Nordestão, tivemos que usá-la atravessada e com duas cordas presas a ganchos.
Presente normalmente na instalação das tendas, a corda é fundamental para fixá-las nos quatro cantos, mas Silva sugere que se leve sempre um pouco a mais para reforçar nos pontos que sofrem mais com o vento, como ele fez.
— Tem que ter, no mínimo seis ganchos e 10 metros de corda.