O verão - com toda a leveza das férias e a disposição das pessoas em viver coisas novas - é ideal para o surgimento de novas tendências. Mas também pode revelar quais não emplacaram.
Febre que começou no final de 2014 e dominou o veraneio seguinte, os paus de selfie continuam fazendo sucesso. Difícil encontrar algum casal em Torres que dispense o utensílio ao fazer uma foto do celular na beira da praia.
- Eu já tinha usado o pau de selfie de algumas amigas. Neste verão, decidi comprar um para mim - diz Keite Neckel, 19 anos, que ontem se divertia com o namorado Carlos Bonez, 27, em busca do melhor ângulo para o clique - As fotos ficam mais ampliadas, mostram mais a paisagem.
Leia mais:
Temperatura agradável atrai banhistas à praia em Torres
Dicas para aproveitar a praia mesmo com a previsão de tempo nublado e chuvoso
Vencedor da Travessia Torres-Tramandaí finaliza prova com 6h18min
Lojistas atestam que a procura segue a mil: na loja 51 do camelódromo de Torres, as vendas mais do que dobraram do veraneio passado para este. Muito em razão da queda de preço: enquanto um pau de selfie saía por até R$ 150 no ano passado, hoje, com maior variedade de marcas, não passa de R$ 40.
No outro extremo das modas de verão estão as pranchas de stand up paddle (SUP) - aquelas compridas para ficar em pé e remar. Em Torres, três equipes ofereciam aulas e aluguel nos molhes e na lagoa do Violão no ano passado. Em 2016, a reportagem não encontrou um serviço sequer enquanto esteve na cidade, durante o dia de ontem.
- No ano passado, muita gente vinha à lagoa e fazia fila para subir nos SUPs. Hoje, quem oferece o serviço não tem aparecido todos os dias. Mesmo quando vêm, o movimento parece ser menor - avalia Renato Ribeiro, responsável pelo serviço de caiaque na Lagoa do Violão, que atribui ao menor interesse o aumento da procura pelos caiaques, que triplicou.
Sensação gastronômica do veraneio passado, as paletas mexicanas ficam em uma situação intermediária: nem deslancharam, nem caíram no ostracismo. As paleterias cheias de outrora têm movimento fraco em Capão da Canoa ou Torres, enquanto as sorveterias convencionais estão fervendo com suas casquinhas e bufês.
- Aquela curiosidade toda do ano passado não se repete com a mesma força. O que sustenta as vendas são os clientes que já conheciam o produto e continuam consumindo - explica Rossano Faé Mendonça, responsável pela paleteria Arriba, em Torres.
A curiosidade é principalmente dos argentinos - ainda que muitos entrem na sorveteria reivindicando uma paleta... de cordeiro.
- Tenho conseguido equilibrar o faturamento oferecendo outros produtos, como sorvetes tradicionais em potes, e investindo para tornar a loja mais aconchegante. Caso contrário, as vendas estariam caindo até 20% - diz Mendonça.
Algumas tendências que vêm de mais tempo parecem definitivamente ter se firmado no gosto dos gaúchos. É o caso do carrinho para carregar cadeiras de praia, que também pode ser usado como mesa. O "carrega-tralha" ou "segura-tudo" - a alcunha muda à medida que o veranista se aproxima da areia -, começou a ser visto no Litoral Norte no verão de 2013 e virou item quase tão assíduo quanto a cadeira e o guarda-
sol. Em Imbé, Capão da Canoa e Torres, as mesinhas estão em todas as partes, servindo de apoio para chimarrão, garrafa térmica e latinhas de cerveja.
- Já estou no meu terceiro carrinho. Pode até estragar por causa do peso e dos paralelepípedos, mas vou lá e compro outro - diz a professora Adalgiza Tonin, de Garibaldi e veranista de Torres. - É um conforto do qual não abro mais mão.
Leia mais notícias
