Algo além de terra e mar une as praias do Litoral Norte. Por toda orla, seja em Tramandaí, Atlântida ou Torres, a preferência pelos óculos escuros de lentes coloridas sobre os convencionais está decretada. Entre casais ou amigos, há até quem combine cores e se divirta tirando fotos.
- Vi que muita gente estava começando a usar nas ruas e nos parques em Porto Alegre, então resolvi comprar o meu e chegar à praia na moda - diz a empresária Sandra Remos Andara, 43 anos.
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O pinga-pinga do Litoral
Em novembro, ela pagou R$ 650 em um shopping pelo modelo de estilo aviador e de um azul que chega a reluzir quando dá de frente para o sol. E não há nada de estranho: a proposta é ser chamativo. Nada de lente cinza ou preta. Há tons verdes, amarelos, alaranjados, arroxeados e até aqueles que parecem um arco-íris facial - quando mais colorido, melhor.
- Quem lançou a moda foi a Madonna, em um show com um modelo vermelho que parecia laranja sob alguns ângulos. Daí por diante, virou febre - conta Bruna Arigoni, 25, moradora de Rosário do Sul que foi até a fronteira com o Uruguai para comprar o seu.
Uma onda mundial se formou após cantores e atores se mostrarem com os óculos no verão de 2014. Um ano depois, caiu no gosto de celebridades e blogueiras brasileiras, e agora arrebanha fãs entre os veranistas gaúchos.
Bruna garante que não é só pelo visual descolado que optou pelo acessório, alternativa na qual foi seguida pelo marido Giovane Dalmolin, 32:
- A lente espelhada melhora a visão em dias de sol muito forte. Ou seja, é ideal para o verão.
Qualidade da lente é fundamental
Nas óticas do Litoral, os modelos estão entre os que mais vendem. Até os ambulantes têm feito a festa com a mania: um vendedor que percorria a praia de Capão da Canoa na tarde de terça-feira negociou três modelos prateados durante os 15 minutos em que foi acompanhado pela reportagem. E atendeu pelo menos uma dezena de pedidos de potenciais e curiosos clientes - nem que fosse para se olharem no espelho ou tirarem uma selfie e postar nas redes.
- Eu já tenho o meu, mas gosto de conhecer outras cores - diz a estudante Taline Palma, 19, uma das que experimentava os acessórios coloridos.
Moradora de Canoas, ela comprou um modelo alaranjado e de armação grossa em uma banca na estação do Trensurb. O preço sugere que a lente não é lá essas coisas: R$ 30. E ela sabe disso.
- Sei que não são boas, mas como uso só uso na beira da praia, acho que o problema não é tão grande - minimiza.
Eis um risco a ser levado em conta, dizem oftalmologistas. Quem quer entrar no modismo e compra um modelo mais simples pode ter problema com os raios ultra-violetas - que têm período crítico justamente no verão.
Conforme a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), as lentes escuras de qualidade duvidosa são perigosas por que ao serem utilizadas, a pupila dilata, permitindo a entrada de uma quantidade enorme de radiação.
- A exposição prolongada aos raios solares, sem proteção adequada, pode acarretar inflamação na córnea e alteração na membrana que recobre o olho - alerta João Alberto Holanda de Freitas, presidente da SBO.
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