Por Fernanda Carvalho Leite, atriz
Era a bordo do Landau verde-água comandado pelo vô Celson, carregado com uma turma de primos, que a atriz Fernanda Carvalho Leite rumava para as férias na infância e adolescência.
Nenhum leitor acertou que a criança da página 27 da Zero Hora de quinta-feira era Fernanda Carvalho Leite.
As minhas férias de verão na infância e na adolescência sempre foram variadas porque não tínhamos casa na praia. Quando não era para a piscina do Juvi, a Associação Leopoldina Juvenil, íamos para o sítio da vó Suely na Ponta Grossa. O tio Zezinho morava em Tramandaí, e, em Capão, o vô Omar tinha um apartamento.
Para ver a família da mãe, a gente ia para Ubatuba, em São Paulo. O vô Celson, além de ser comandante da Varig, era o comandante da nave-mãe - o Landau verde-água que puxava o trailer para ficarmos no Camping Clube do Brasil. Era uma festa com a "primaiada", uma turma de, no mínimo, sete primos, mais ou menos da mesma idade, que acampavam juntos.
A vó Martha acordava antes do sol e ia caminhar na praia, programa que eu adorava fazer de vez em quando. Voltava com mexilhões e outros presentes da maré, como máscaras de mergulho e pés-de-pato. Até dinheiro ela achava e dava para os netos. No almoço, saía aquele arrozinho que a gente ajudava a fazer limpando os moluscos.
Depois, a louça também ficava para a gente, que fazia da função uma farra com a turma na pia do camping. Tudo era diversão e colaboração. Éramos uma família aventureira que inventava desafios. Uma vez, resolvemos ir até a árvore mais alta, lá na ponta do morro da praia.
Fomos juntos caminhando, cantando, rindo, reclamando e parando para lanchar. Quando chegamos, era uma gozação com a trágica necessidade de voltar tudo aquilo. A consolação era um sorvete na civilização e a carona que a gente pediu na estrada. A noite era na cantina, jogando carta, sinuca ou fla-flu, com passeios pela praia escura para brincar, conversar e sonhar namorar com aquele que era o guri mais bonitinho.
Bom mesmo era quando a mãe e o pai não estavam, e o vô e a vó mandavam o primo mais velho, o André, cuidar da gente. Coitado... As cinco primas eram terríveis, diziam que sabiam se cuidar e sumiam, deixando o Dré a dar satisfações para os avós de que tudo estava "sob controle", rezando para que a gente cumprisse a palavra.
Sob a sorte do sol e das estrelas que tanto admirávamos conduzindo nossos sonhos juvenis, pudemos viver momentos cheios de mistérios, emoções e descobertas na liberdade de um camping à beira-mar.
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