Um dos principais destinos turísticos do Litoral Norte está sem terminal rodoviário desde 30 de setembro deste ano. Até que seja definido um novo local para embarque e desembarque dos ônibus intermunicipais em Torres, o acesso aos veículos será mantido provisoriamente por 60 dias na calçada da via que passa por dentro da antiga rodoviária. Passagens de duas empresas de ônibus, Unesul e São Marcos, estão sendo vendidas numa lanchonete ao lado do antigo prédio. As demais só podem ser adquiridas no pequeno terminal da Vila São João, a 11 quilômetros de distância da área central de Torres.
Foi a alternativa encontrada após reunião entre a prefeitura, os atuais proprietários do prédio onde funcionava a rodoviária, representantes de duas empresas de ônibus intermunicipais e da Câmara de Vereadores. O prefeito Carlos Souza pretende se reunir com o governo do Estado e o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) para cobrar esclarecimentos sobre a indefinição de uma localização para a nova rodoviária. O Daer é o responsável pela viabilidade do novo terminal e pela gestão do transporte rodoviário no Estado.
De acordo com a prefeitura, em dezembro de 2020 foi aberta uma licitação para a concessão da rodoviária, quando a empresa Kurz & Leal foi a escolhida. Em 15 de setembro deste ano, o Daer procurou o município indicando um local para instalação da nova rodoviária. Porém, ele foi negado pela administração por se tratar de área imprópria para a operação.
Em 23 de setembro, a Secretaria de Planejamento e Participação Cidadã encaminhou ofício ao sócio proprietário da empresa Kurz & Leal Ltda. Terminais Rodoviários, Arthur Guilherme Otto Leal, solicitando a planta do novo prédio, as áreas de manobras, o estudo de fluxo viário, entre outras informações. Desde então, o novo concessionário não indicou possíveis locais. Na cidade, comenta-se que a nova rodoviária poderia ser instalada na BR-101, na Vila São João, algo que a comunidade não aceita por conta da distância.
GZH tentou contato por telefone com Leal nesta segunda-feira (25). Porém, até o fechamento desta reportagem, não houve retorno.
Mudança repentina
Conforme o Daer, a antiga concessionária encerrou a operação e a empresa vencedora da licitação só assumirá os serviços depois de assinar o termo de autorização, ainda sem data definida. Para dar continuidade ao processo, é preciso que haja definição quanto ao local das instalações do novo terminal, algo que o vencedor da concessão não apresentou.
Enquanto a situação não se resolve, quem sofre são os passageiros. Muitos acabam sendo pegos de surpresa pela mudança repentina. Foi o caso da cozinheira Daiala da Silva Dornelles, 23 anos, que acabara de chegar de Palmeira das Missões, na quarta-feira passada (20), e pretendia pegar um ônibus até São João do Sul, em Santa Catarina, a 25 quilômetros de distância, onde mora. Como não conseguiu comprar a passagem, ficou aguardando na rua à espera de uma carona do marido, que, no intervalo do trabalho, viria do Estado vizinho para buscá-la.
— Passei por aqui há 30 dias para ir ao interior do Rio Grande do Sul. Estava tudo normal. Agora, desci e fui surpreendida pelas portas fechadas. Jamais imaginei uma cidade turística sem rodoviária. Imagina no final do ano — comentou Daiala, que carregada de malas, esperava pelo marido havia duas horas ao lado do terminal fechado.
Para os comerciantes do entorno da rodoviária, o prejuízo já chegou. Proprietário há 26 anos de uma lanchonete ao lado do antigo terminal, Cláudio Manoel Bauer, 68 anos, lamenta a queda de 60% no consumo no local. Ele tem sido o responsável por informar sobre o fechamento aos desavisados.
— O ponto de venda de passagem fecha às 18h e as pessoas que chegam depois desse horário tomam um susto. Principalmente, quem vem do Interior. Não sabemos como ficaremos, pois dependemos do turismo — lamenta.