Uma publicação muito fofa encantou os seguidores da Rede de Saúde Divina Providência no último dia 11. Nas imagens do post, o pequeno Noah Oliveira Lottermann — que tinha pouco mais de um mês e meio na ocasião das fotos — aparece de chapéu de formatura, ao lado de um canudo que é quase do seu tamanho. O ato simbólico foi a forma encontrada pela mãe Lyssandra Borba Oliveira, 31 anos, juntamente com a equipe da UTI neonatal do Hospital Divina Providência, em Porto Alegre, para incluir Noah em um momento tão importante de sua vida.
Noah nasceu prematuramente em 11 de dezembro, com apenas 1,025 kg e 33,5 cm, jogando pelos ares o planejamento da mãe. Lyssandra estava esperando terminar o trabalho final de graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo para se dedicar exclusivamente à chegada do primogênito. Exatamente uma semana depois da apresentação do trabalho, ao fazer uma ecografia, descobriu que, com somente 32 semanas de gestação — cerca de oito meses —, teria de dar à luz no dia seguinte.
— A princípio, a gestação estava indo superbem. Mas, na ecografia, o doutor identificou que eu estava em uma gravidez de risco. Ele viu que o Noah não estava recebendo os nutrientes pelo cordão umbilical e, por isso, se encontrava abaixo do peso — relembra Lyssandra.
Em dezembro, a arquiteta tinha poucas coisas prontas para receber o pequeno — já que a chegada dele estava prevista somente para fevereiro. O chá de fraldas, por exemplo, não havia sido feito.
Depois que nasceu, Noah foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal. Quando Lyssandra o viu fora da sala de parto, ele já estava com sonda e vários acessos. Quatro dias depois, ela teve que ir para casa e deixá-lo no hospital.
Antes da mudança improvisada de planos, a expectativa era que Noah nascesse perto da formatura de Lyssandra — que foi realizada em 1º de fevereiro. Ela havia planejado fazer uma festa, que ficou em segundo plano após o nascimento prematuro e a internação do filho.
Uma semana antes da colação de grau, a formanda decidiu comemorar somente com um jantar para a família. No entanto, o novo membro não poderia participar, pois ainda estava internado. Foi então que o irmão e a cunhada de Lyssandra tiveram a ideia de fazer um chapeuzinho de formatura, o capelo, para Noah.
— Falamos com as meninas (da equipe do hospital) e elas toparam colocar nele para tirar algumas fotos. A técnica de enfermagem Mary levou o canudo e elas fizeram todo um cenário, como uma forma de inseri-lo naquele momento comigo — conta a arquiteta. — Eu fiquei tão feliz e emocionada com a empolgação delas para tirar as fotos, foi muito lindo! — complementa.
As fotos foram tiradas em 31 de janeiro, véspera da formatura de Lyssandra. Durante a comemoração, a mãe coruja mostrou as imagens do pequeno e contou aos convidados sobre o momento. Além dos registros, ela guarda em casa o chapéu como recordação.
— Eu sempre falo que o Noah foi meu presente de formatura! — diz a mãe, que está com o pequeno em casa desde 4 de fevereiro, quando ele recebeu alta do hospital.
Experiência na UTI neonatal
A arquiteta relata que a rotina das mães com bebês na UTI neonatal é bem diferente do que poderia imaginar. Entre notícias boas e ruins, os pais apoiam uns aos outros e, muitas vezes, acabam virando amigos. Além disso, podem contar com o suporte da equipe que cuida dos recém-nascidos.
Durante o período no hospital, Noah passou por algumas complicações, tendo que ficar sem tomar leite e fazer transfusão de sangue. Lyssandra ressalta que é preciso de muita força para suportar a rotina e ver o bebê precisando de ajuda. Para ela, o cuidado e a atenção das funcionárias são essenciais nesse processo em que os pais ficam tão abalados.
— Se não fosse todo esse cuidado delas, eu não sei como a gente iria conseguir passar por isso. Elas cuidaram tão bem não só do Noah, mas da gente também — enfatiza.
De acordo com Neuza Richetti Polesello, coordenadora assistencial da UTI neonatal, a instituição preza pela humanização no cuidado. Por isso, os profissionais procuram acolher a família inteira em momentos como esse, de maior sensibilidade, na tentativa de transformá-los em experiências de menos sofrimento.
Em dezembro, Noah já havia participado de uma ação de Natal no hospital, em que os bebês da UTI foram vestidos como pacotinhos de presentes.