"Uma nova era começa no Brasil: menino veste azul e menina veste rosa", disse a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, em um vídeo que circulou pelas redes sociais e feito logo após o seu discurso de posse, quarta-feira (2), em Brasília. Mas antigamente era o contrário.
— Na moda europeia das famílias de classe alta, o rosa era considerado cor de menino, até a década de 1930, por ser vibrante, forte e ligada à virilidade — diz Marina Cézar, doutora em em Ciências Sociais e professora do curso de Moda da Feevale.
Teorias apontam que o azul, por ser entendido como uma tonalidade delicada e amável, era atribuída às meninas – outros estudos afirmam que nem havia uma cor destinada a elas.
Joanna Burigo, mestre em Gênero e fundadora do site Casa da Mãe Joanna, conta que, em razão dessa associação com o masculino, o rosa marcava as roupas e a decoração das celebrações das famílias reais, como os batismos.
— A grande virada aconteceu no pós-guerra, por volta de 1940, quando uma fábrica da indústria têxtil americana publicou uma edição da revista que eles produziam sugerindo que o rosa era cor de menina e o azul, de menino. Neste momento, se abandona a estética feminina do "we can do it" (título do cartaz criado por J. Howard Miller em 1943) e é abraçada a narrativa de resgate da feminilidade doméstica. Mas as cores não têm nenhum significado inerente, é uma construção — afirma Joanna.
A publicidade teve grande importância para a naturalização desta convenção, segundo Marina Cézar, porque reforça e estabelece os brinquedos, as roupas e os desejos de compra destinados a garotos e garotas.