Maud Casey é autora de três romances, uma coleção de histórias e o recém-publicado "The Art of Mystery: The Search for Questions" (A arte do mistério: a procura de perguntas).
Ao longo de uma semana em janeiro de 2000, achei e perdi minha carteira três vezes – em um bar, em um cinema e em algum lugar entre o metrô e meu apartamento na Rua Cumberland, no bairro de Fort Greene, no Brooklyn, em Nova York.
Pessoas amáveis resgataram a carteira para mim: um barman, um recepcionista e dois adolescentes. Na terceira vez, eu não merecia tê-la de volta. Se é que em alguma delas eu mereci. Os adolescentes que correram atrás de mim ("Senhora, senhoooooora!") persistiram mesmo quando comecei a andar mais rapidamente – era de noite – para evitá-los.
Desde então, perdi e encontrei inúmeras coisas, entre elas um pôster de 1992 do disco "Sweet Old World" assinado por Lucinda Williams, meu gato e minha cabeça (os dois voltaram um pouco abaixo do peso). "A arte de perder é difícil de dominar" escreveu Elizabeth Bishop em seu poema maroto "One Art". Começa com a perda das chaves do carro, gradua-se para lugares e nomes perdidos, então segue para casas, rios, continentes, terminando com a perda de um ser amado.
Não importa se somos bons nisso; não há como escapar de perder. É parte da condição humana. Somos seres transitórios, talvez principalmente quando estamos em trânsito. E se estamos viajando de avião? Bem, esqueça.
E fazemos isso. iPhones, iPads, computadores, óculos (de sol, bifocais, trifocais), casacos, cachecóis, luvas, cintos, sapatos. Todos os tipos de identidade – green cards, passaportes, certidões de nascimento. Uma variedade de documentos muito importantes. Tantas alianças de casamento! O número de pessoas que tentam descasar jogando suas alianças de casamento nas bandejas que passam pela inspeção de segurança pode, ou não, surpreender você.
As listas de achados e perdidos do Aeroporto Internacional John F. Kennedy são relicários por natureza, seus objetos imbuídos de uma sacralidade por quem os procura. É um purgatório do desejo e da falta implícita no desejo.
Você pode ler esses apelos até se tornar um dos itens pedidos que precisa ser encontrado. Com o tempo, perdemos nossos cabelos, nossos dentes, nossa memória, nossa dignidade, nosso caminho, nossa própria vida, mas essas 300 páginas de itens importantes o suficiente para que as pessoas os queiram de volta é um testemunho da busca. O que estamos realmente procurando? Essa é a sombra que perturba esse museu e sua exibição de perda, desejo e amor.
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Sem Trabalhadores, Sem Malas E Centenas De Pessoas de Todo o Mundo Sem Receber Ajuda.
Olá, Depois de sentar na pista por quatro horas e depois esperar na sala de recuperação de bagagens, apenas para não ver nenhuma mala chegar por horas e horas, tive que voltar para cuidar de um membro da família e deixei minha bagagem para trás. Por favor, encontre minha mala e mande-a para minha casa. O desastre das noites passadas no Terminal Um não tem desculpa. Não havia trabalhadores, malas, e centenas de pessoas de todo o mundo não receberam ajuda. Por favor, ajude!
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Antes que Ele Volte do Feriado (Oh, meu Deus)
Oh, meu deus, meu namorado vai ficar tão chateado comigo se não encontrar isso. Deixei o Nintendo Switch dele em um voo vindo do sul da China para o JFK. Eu estava na fileira 48, acho que no assento A, na janela. Não contei para ele que deixei o jogo para trás e estou esperando que possa ser devolvido antes que ele volte dos feriados com sua família. Agradeço toda e qualquer ajuda.
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Por Favor, Vocês Encontraram Alguma Coisa?
Estou escrevendo em nome da minha parceira. Ela pode ter perdido a documentação de seu visto J1 no Terminal 4, Portão A2, por volta das 22 horas. Por favor, vocês encontraram alguma coisa?
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A Pior Coisa que eu Poderia Imaginar Perder
Perdi um diário muito importante que contém o começo de um romance que estou escrevendo, assim como outros textos pessoais muito importantes. Eu desembarquei, entrei no meu voo de conexão e de repente percebi. Corri de volta para o portão original, onde os agentes da Delta vasculharam o avião, mas disseram que os faxineiros devem ter tirado dali antes. Eles me disseram como preencher uma reclamação no setor de achados e perdidos da Delta, mas ninguém mencionou que o JKF tinha seu próprio setor de achados e perdidos. Um amigo acabou de me contar que isso existe. Foi uma perda devastadora – a pior coisa eu poderia imaginar perder porque é genuinamente insubstituível.
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Em Busca do Tempo Perdido
É um ingresso da Ticketmaster para Mashmello no Bill Graham Civic, em San Francisco. A data dele é sexta-feira, 12 de janeiro de 2018. Perdi em algum lugar da TSA no terminal 5, já que esse é o único lugar que me lembro de tê-lo visto, e não percebi até 9 de janeiro de 2018.
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Em Busca do Tempo Pedido, Parte 2
Meu filho se formou na marinha hoje. É uma grande fotografia dele em seu uniforme da marinha. Quando nosso avião chegou ao portão 51, fui direto até o terminal. Minha irmã que estava carregando a foto colocou-a em um dos bancos perto da janela. Acho que a foto pode ter caído debaixo do banco.
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Uma Carta de Amor para Minha Mãe
Um lindo guarda-chuva único, multicolorido, com uma ponta de prata e cabo de acrílico claro.
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Uma Carta de Amor para Minha Sogra
Minha sogra que é idosa esqueceu sua bagagem de mão sobre a cadeira de rodas ela não tem nome nem endereço apenas no bolso da frente em algumas fotos da família a mala e duas rodas de cores marrons claras com outras cores com flores suficientes é uma mala com visual Antigo.
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Proprietário Confiou na Pessoa que Empurrava a Cadeira de Rodas.
Perdidos rosário e uma pulseira de oração no controle da TSA. O dono confiou que a pessoa que empurrava a cadeira de rodas pegaria os pertences, mas eles foram deixados para trás. Muito antigos... *NÃO* são de ouro ou prata. Valor sentimental tremendo. O dono está no hospital e não poderia usá-los de qualquer maneira.
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Um Colar Muito Significativo
É um colar muito significativo. Por favor, me encontre.
Por Maud Casey