A maior feira a céu aberto da América Latina movimenta a economia também fora do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Que o digam os vizinhos, à espera da 40ª Expointer para faturarem uma renda a mais. Placas e faixas ofertando estacionamento, quartos para alugar e até casas inteiras são comuns no bairro Novo Esteio, onde ocorre a feira, nas semanas que antecedem um dos maiores eventos do mundo nos setores agropecuário e de maquinário.
Há cinco anos, o mecânico Alencastro Silva Fortunati, 65 anos, viu no pátio de casa o lucro que faltava para complementar a renda da família. Ele passou a ofertá-lo como estacionamento – coberto e a céu aberto – aos visitantes. No espaço, Alencastro consegue colocar até 16 automóveis e dez motocicletas. Este ano, por conta da crise econômica, o mecânico prevê baixar o valor da diária. Carros custarão entre R$ 30 e R$ 40, o dia, e motos, R$ 15. De tão conhecido entre os que visitam a feira, ele tem clientes fixos, como as famílias vindas do Paraná, de São Paulo e até, da Argentina. A placa indicando o serviço será deixada na frente de casa a partir desta sexta-feira, quando ele acredita que o movimento aumente nas redondezas.
– Os furtos nos carros estacionados nas ruas são constantes. Por isso, eles preferem deixar os veículos em lugares fechados. Aqui, quando enche, tranco o portão e ninguém mais entra. É uma semana corrida, fico cheio de olheiras, mas vale a pena – comenta, aos risos, Alencastro.
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É pensando no bolso cheio que a comerciante Márcia Fabiane Gomes dos Santos, 40 anos, chega a se mudar para alugar a casa no período da Expointer. Ela começou a ver o evento como renda há cinco anos. E só precisou colocar a faixa na frente do prédio uma única vez. Nas edições seguintes, os clientes a procuraram sem precisar de divulgação.
Neste ano, Márcia já alugou as duas peças de alvenaria onde o pai mora. Ela ainda pretende negociar a própria casa, um misto de madeira e alvenaria com três quartos, onde vive com o marido e a filha Maria Eduarda, nove anos. Se conseguir fechar o aluguel, os três e o pai dela se mudarão provisoriamente para o sítio da família, localizado em outra parte de Esteio.
– Tenho a certeza de que conseguirei alugar até domingo. Tem gente procurando. É um dinheiro extra que ajuda muito – afirma a comerciante, que prefere não divulgar os valores negociados.
Ao contrário de Márcia e Alencastro, a diretora de uma indústria Maria Helena Fonton, 60 anos, vizinha da área do parque há 45 anos, lucra alugando suítes e reservando espaço no pátio da família. Cada suíte sai por R$ 2 mil. Uma já está alugada por sete dias para um veterinário de São Paulo. A outra foi negociada para 2018, mas ainda tem vaga nesta edição. Uma faixa foi colocada na frente do prédio ofertando o quarto. Para completar, Maria Helena abriga até oito carros por dia no terreno da família, por valores que variam entre R$ 30 e R$ 40 conforme o tamanho do veículo.
– As pessoas que vêm para trabalhar, trabalham muito. Só entram em casa para o banho e dormir. Então, vale a pena porque todos saem lucrando, quem precisa de um lugar próximo ao parque e quem aluga – finaliza.