As baleias-francas já estão no litoral catarinense, e no primeiro sobrevoo de monitoramento da temporada, 29 indivíduos da espécie foram avistados, além de uma baleia jubarte, pouco comum na região. Foram treze pares de mães com os filhotes e três adultas sozinhas, que podem ser fêmeas grávidas ou machos em busca do acasalamento. O número é menor do que o registrado no primeiro voo do ano passado, quando 36 animais foram identificados, mas a oscilação é normal, garantem os pesquisadores.
Em 2016, o sobrevoo foi na segunda quinzena de agosto, e este ano, ocorreu dia 31 de julho. A diretora de pesquisa do Projeto Baleia Franca (PBF), bióloga Karina Groch, diz que o número está abaixo da média de vários anos, mas que a flutuação é natural. Em alguns anos, foi possível identificar até 200 animais, e em outros, o número não passou de 40. O pico da reprodução é setembro, quando mais animais chegam à costa catarinense.
– A última estimativa é de uma taxa de crescimento de 12% ao ano. Tem uma tendência positiva de crescimento da população de baleias que vem para o Sul do Brasil, taxa importante de crescimento de filhotes e mortalidade muito baixa, ano passado não tivemos nenhum encalhe de filhote na APA da baleia-franca. Olhando esses dados de nascimento e mortalidade, a gente está dentro de um número um pouco mais baixo esse ano, mas não é preocupante – tranquiliza.
O monitoramento aéreo foi realizado desde a praia do Moçambique, em Florianópolis, até o município gaúcho de Torres. O sobrevoo faz parte do Programa de Pesquisa e Monitoramento das Baleias Francas no Porto de Imbituba e Adjacências. Este é o quinto ano que a SCPar realiza o monitoramento, e algumas baleias avistadas em outras temporadas foram novamente identificadas.
Estimativa para a temporada
Segundo dados do Porto, a maior concentração de baleias estava entre as praias de Itapirubá, em Imbituba, e Mar Grosso, em Laguna, com 17 registros. Uma baleia jubarte também foi avistada na praia de Itapirubá Sul, junto a uma baleia-franca. A aparição da jubarte em Santa Catarina é rara, pois a espécie se reproduz na Bahia e faz a migração mais afastada da costa.
Ainda estão previstos mais dois voos de monitoramento até o final de temporada. Um em setembro e o outro no final de outubro, segundo Karina. A estimativa dos pesquisadores é que pelo menos 200 fêmeas procurem a região regularmente, o que sugere que aqui elas encontram um local seguro para reproduzir, ganhar e amamentar os filhotes.
– O monitoramento é importante para avaliar a dinâmica populacional da espécie, taxa de crescimento populacional, taxa de retorno. Quem volta está encontrando um local adequado para reprodução. É importante acompanhar essa história de vida das baleias para propor medidas de gestão, se necessário. O objetivo é fazer o melhor ordenamento possível das atividades humanas que possam impactar a espécie, e minimizar esse impacto – explicou Karina.