Milhões de mosquitos Aedes aegypti inoculados com uma bactéria natural que parece reduzir o contágio dos vírus da dengue, zika e do chikungunya começaram a ser lançados nesta terça-feira (29) no Rio de Janeiro pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O projeto, que faz parte do programa australiano "Eliminar a dengue", começou a funcionar no fim de 2016, com a reprodução em grande escala do mosquito fêmea transmissor dessas doenças inoculado com a bactéria Wolbachia, comum em borboletas, libélulas e aranhas. Atualmente, a Fiocruz consegue reproduzir 1,6 milhão desses mosquitos por semana e espera chegar em breve a três milhões.
Os mosquitos infectados são liberados com a ideia de que se reproduzam e transmitam a bactéria a gerações futuras. Os cientistas esperam diminuir, deste modo, eventuais novas epidemias como a da zika, que colocou o Brasil em alerta em 2015 e cuja emergência nacional foi retirada apenas em maio passado.
– Descobrimos que quando o mosquito Aedes aegypti contém a Wolbachia, ela reduz a capacidade do mosquito de transmitir vírus como dengue, zika e chikungunya. A ideia é liberarmos esses mosquitos na natureza, (pois) eles vão cruzar com os mosquitos que estão em campo e passar a Wolbachia. Com isso, a transmissão deve ser reduzida – explicou Luciano Moreiro, responsável do projeto contra a dengue na Fiocruz.
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Depois de constatar que os projetos piloto de 2014 foram bem-sucedidos, a fundação começou a lançar os mosquitos em Niterói, e nesta terça reforçou o seu programa na Ilha do Governador, com a intenção de continuar em outras áreas das zonas norte e sul da cidade até o fim de 2018.
A Fiocruz assegura que esses mosquitos não apresentam riscos para a saúde das pessoas nem para o meio ambiente. O mesmo programa, liderado pela universidade australiana de Monash, funciona em Queesland (Austrália), Medellín (Colômbia), Puducherry (Índia), Yogyakarta (Indonésia) e Nha Trang (Vietnã).
O Aedes aegypti é um mosquito muito adaptado à vida das cidades, que se reproduz em qualquer local com água parada. Muitos especialistas apontaram que o deficiente manejo destas águas no Brasil, a precariedade dos serviços de saúde e o armazenamento da água nas partes mais pobres do país também contribuíram para a explosão destes vírus.