Quando você menos espera, ele acontece. O amor. Em qualquer lugar, até onde você menos imagina, como numa lixeira. Em maio de 2009, o pedreiro Adao Dorival Rotel, 66 anos, encontrou em um contêiner de lixo um Diário Gaúcho de 27 de março daquele mesmo ano. Apesar de antigo e já amassado, ele resolveu folhear o jornal. No Clube dos Corações Solitários, viu um perfil que chamou sua atenção. Daquela situação inusitada, conheceu sua cara-metade, a artesã Elza Dummer Camargo, 62 anos.
– Eu sempre digo que encontrei ela no lixo, as pessoas dão risada – conta Rotel, como gosta de ser chamado, brincando com o caso.
Elza estava viúva havia 17 anos quando, incentivada por uma amiga, resolveu enviar uma carta ao Clube. Tímida, colocou o nome de Tânia para não ser reconhecida pelos vizinhos. Na publicação, dizia: "Sou clara, viúva, sincera. Tenho 1,60m, 53 anos, olhos azuis. Gostaria de conhecer um homem viúvo, sem vícios, com situação definida, que tenha entre 45 e 65 anos. Quero ser feliz e fazer alguém feliz. Tânia Camargo – Canoas". No mesmo dia, Elza estava de aniversário. Ainda assim, o presente veio quase dois meses depois.
Noventa e duas ligações. Sim, 92 homens ficaram interessados em Elza. Destes, chegou a conhecer sete, mas nenhum fez seu coração bater mais forte. A descrição dos olhos azuis chamou atenção de Rotel, que também era viúvo. Ele mandou uma mensagem de texto para a mulher que, até então, ele acreditava se chamar Tânia, dizendo que queria conhecê-la. Elza, sem hesitar, respondeu que sim.
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No dia 12 de maio daquele ano, Rotel saiu de Porto Alegre, onde morava, e foi até Canoas para conhecer a pretendente:
– Logo que ele chegou onde marcamos de nos encontrar, me cumprimentou com três beijinhos e brincou, dizendo "pra gente casar".
Assim que se olharam, se apaixonaram. Coisa de filme mesmo, amor à primeira vista, recordam. Conversa vai, conversa vem, saíram para fazer um lanche e, no final, Rotel foi direto ao ponto: "Quer namorar comigo?". Elza respondeu que sim e, antes mesmo de trocarem o primeiro beijo, selaram o romance com um formal aperto de mãos.
– Ele disse "então está fechado". Achei uma graça – conta Elza.
Cinquenta e cinco dias depois, o casal estava morando junto. Rotel juntou as roupas, colocou no carro e foi ao encontro da amada. Desde então, os dias têm sido de muito companheirismo e felicidade. Segundo Elza, alguns amigos e familiares ficaram meio desconfiados, não acreditavam que o relacionamento iria dar certo. Mas deu, e muito. Tanto que Elza e Rotel se casaram três vezes: primeiro fizeram pacto de comunhão estável, depois casaram-se no civil e, em seguida, na igreja.
– Ele fez questão de que a gente casasse, comprou até nossas alianças e, no dia 24 de setembro de 2010, a gente oficializou casamento. O Rotel é muito romântico, dá presentes, sopinha na cama, cuida da nossa casa, sempre compra bichinhos novos para o meu jardim, se dá bem com meus filhos. Ele é um homem de ouro – diz ela.
O amor é tanto que eles, que são viúvos, "cuidam" dos ex-amores falecidos. Além de acompanhar Elza nas visitas ao túmulo do ex-marido, Rotel reformou a sepultura. Já Elza auxilia no pagamento do túmulo da ex-esposa de Rotel. Observando a troca de olhares entre eles, o cuidado e a forma como falam um do outro, é possível perceber que, mesmo tendo vivido histórias de família antes, são imensamente apaixonados, depois de oito anos juntos. Rotel, sempre sorridente, se derrete por Elza:
– É muito ruim ficar sozinho, e a Elza preencheu meu coração. Ela é uma pessoa muito correta, honesta, cuidadosa, amorosa. Somos parceiros e lidamos bem com nossas diferenças – conta Rotel.
Para relembrar e comemorar o aniversário de casamento, todos os anos, Elza e Rotel pegam a estrada rumo ao Uruguai. Além disso, todos os domingos são dia de almoçar fora, comendo um churrasco.
– Nós somos muito arteiros, adoramos passear. Estamos vivendo o que nunca tínhamos vivido antes. Nos conhecemos com nossos filhos (Elza tem três, e Adao, cinco) já crescidos e, agora, podemos aproveitar para viver a vida juntos, fazer tudo que a gente gosta. Graças a Deus nos encontramos – comemora Elza.
– Ela é minha veinha, meu amor, e nossa intenção é ficar juntos para sempre, até que a morte nos separe – completa Rotel, encantado com os lindos olhos azuis da esposa.
Ela perdeu uma aposta e ganhou um amor
Uma aposta perdida foi o que deu a oportunidade da cuidadora de idosos Francielen Marques Prestes, 24 anos, conhecer o amor de sua vida. Após uma brincadeira entre ela e uma amiga, quem perdesse teria que publicar o seu perfil no Clube dos Corações Solitários. No dia 30 de março de 2016, as breves linhas saíram na seção: "Tenho 23 anos, boa aparência, sou fofinha. Procuro homem de 28 a 33 anos, carinhoso, inteligente, romântico para relacionamento. Franciele – Porto Alegre".
Entre as centenas de mensagens que recebeu naquele dia, uma chamou mais sua atenção. Depois de algumas conversas, Francielen marcou de encontrar um pretendente, o cobrador de ônibus Lorenço Antônio Pereira Marques Junior, 28 anos, já no dia seguinte. O encanto, segundo ela, foi à primeira vista. No dia 1º de abril, os dois já estavam namorando.
– Nos apaixonamos muito rápido e, um dia depois que nos encontramos, ele já foi falar com meu pai e começamos a namorar – conta ela.
Desde então, Francielen e Lorenço não se desgrudaram mais. Neste ano, eles completaram um ano de muita felicidade.
– Uma brincadeira virou um baita amor, e graças ao Diário Gaúcho nos encontramos. O Lorenço é meu companheiro pra tudo! Um namorado de ouro que me trata como uma rainha, me cuida e me protege – diz Francielen.
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*Produção: Shállon Teobaldo