Caixas de papelão, folhas de rascunho pintadas com tinta guache e pedaços de TNT. Foi com esses materiais e uma porção ilimitada de fofura que uma turminha de São Leopoldo fez sucesso no Facebook na última semana, estrelando um vídeo que já teve 12 milhões de visualizações.
Com a ajuda da professora auxiliar Gisele da Silva Freire, as caixas foram transformadas em vagões coloridos e, em cada um, foi escrito o nome de um valor – como humildade, afeto, família e amizade. Na sexta-feira da semana passada, pouco antes do horário de ir para a casa, as crianças de 2 e 3 anos "vestiram" os vagões e fizeram um trenzinho pelo pátio da Escola de Educação Infantil Pequenos Passos. Ao mesmo tempo, cantavam uma música de autoria do professor Eliton Seára, que fala de respeito aos amiguinhos – esses, como dita a letra, "não podem morder, nem beliscar".
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– Eles são super amorosos, mas estão em uma fase individualista e vieram do berçário com essa fase de morder. É um jeito que eu achei de fazer com que interajam, socializando mais – conta a profe Gi.
O vídeo foi gravado pela merendeira, em duas tentativas – na primeira, o pessoal achou que era foto e gritou "xis". Quando obtiveram sucesso, a gravação de aproximadamente um minuto foi publicada na página do Facebook da escolinha particular, com o convite: "alguém quer carona?". O post já teve mais de 245 mil compartilhamentos e 52 mil curtidas.
– A gente publicou na página para os pais, para as famílias verem, e teve uma dimensão não esperada. Acho que o ser humano tem uma carência dessas palavrinhas mágicas, fé, harmonia, paz, e acabou se vendo em uma criança – diz a pedagoga da escola, Pricila Keller Laurentino.
Nesta sexta, a turminha resgatou as caixas coloridas para mostrar à Zero Hora. Afoito para se arrumar sozinho, um aluninho acabou vestindo o vagão do "amor" de cabeça para baixo e logo foi socorrido pelas professoras.
– O amor é meio confuso mesmo – brincou a profe Gi.
A turma mostrou que ainda tem a letra na ponta da língua e a lição na cabeça.
– É para brincar e não morder – ensina Valentina Krassmann, no alto de seus dois anos de idade.