Mais de 4 mil pessoas passaram pelo Edíficio Garagem do Beira-Rio neste final de semana. E não foi por causa do futebol. Mesmo com o tempo chuvoso, um público de diferentes idades movimentou a sétima edição do Tatoo Show RS, feira de tatuagem que reuniu 420 tatuadores de diferentes regiões do país.
– Mais do que expor o trabalho dos tatuadores, esse é um evento cultural, com shows e concursos. É um modo das pessoas conhecerem melhor a nossa arte – explica o organizador Neto Tatoo.
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Entre os frequentadores, havia gente que já foi decidido a fazer (mais) uma tatuagem, como Viny Grabinski, que desenhou no couro cabeludo um coração mesclado a uma máquina de tatuar.
– É um desenho que tem a ver com o momento que estou vivendo, já que estou me tornando também um tatuador – diz Grabinski, que tem 21 anos.
Mas o Tattoo Show também atraiu quem não tem uma relação tão intensa com a arte na pele. Foi o caso de Eduardo Bigatto, instalador de elevadores que passeava com a mulher e o filho de quatro anos.
– Não costumamos frequentar o circuito dos tatuadores. É algo fora do habitual estar aqui. Por isso mesmo tivemos curiosidade de visitar – conta Bigatto.
Mais do que qualquer estande ou show, quem atraía os olhares do público era o casal Cruella e Johnny, que caminhava vagarosamente pelas alamedas da feira, ambos sobre grossos saltos-plataformas, carregados de piercings, lentes de contato extravagantes e grossa maquiagem. Ao sorrir, Cruella exibia dois caninos de vampiro implantados há doze anos entre seus dentes naturais, e Johnny serpenteava sua língua bífida no ar.
Com algum receio, crianças e adultos pediam para tirar fotos. Eles atendiam prontamente, afinal esse é o trabalho deles: eram modelos exóticos contratados para o evento. O casal veio de São Paulo para atuar do Tattoo Show RS.
Cruella e Johnny são os nomes artísticos de Cristina e Henrique Falbo, casados há dois anos.
– Trabalho há 20 anos com arte, como estilista e hostess de casas noturnas – conta Cristina, com 42 anos.
Menos experiente, Henrique tem 20 anos, mas foi ele quem tomou a iniciativa na relação amorosa. O jovem procurou Cristina depois de vê-la em um programa de televisão, quando ainda morava em Alagoas, de onde é natural.
– A arte e as modificações corporais sempre me atraíram. Quando fui a São Paulo, pude conhecer Cruella, aí nos envolvemos.
Com cinco filhos e uma neta, Cristina tem uma família compreensiva a respeito de seu corpo e de seu trabalho. Já Henrique enfrenta alguns desafios:
– Minha família não aceita meu modo de ser, mas como eles estão em Alagoas, e eu em São Paulo, não temos muito conflito.
Cristina afirma que as modificações de seu corpo refletem como ela é internamente:
– Não é nada forçado. Tudo vem de dentro para fora. Essa é a minha verdade.