Quase seis meses depois da última vez em que o Diário Gaúcho verificou o andamento das obras de dez Unidades de Pronto-Atendimento (Upas) em nove cidades da Região Metropolitana, apenas uma estrutura foi inaugurada.
Em setembro, os moradores de Sapucaia do Sul passaram a contar com uma unidade que faz 5,2 mil atendimentos por mês. Com esta e mais as unidades de São Leopoldo e Viamão – inauguradas em 2016 e em 2015, respectivamente –, estão em funcionamento apenas três das dez Upas que o DG acompanha há um ano e meio.
O avanço das obras e das inaugurações ocorre de forma muito mais lenta do que a necessidade dos usuários de serviços de urgência e emergência. Em três cidades, os governos antigos não conseguiram cumprir as últimas promessas: Alvorada, Cachoeirinha e Novo Hamburgo.
Nesta última, houve rescisão de contrato com a empresa que estava erguendo a Upa na fase de acabamento da obra por descumprimento de prazos. Agora, será necessário abrir uma nova licitação para a conclusão do que falta.
Alvorada
Alvorada tem a situação mais grave. O prédio está concluído desde 2015, praticamente todo equipado, mas segue fechado porque o município não tem condições de bancar sozinho a estrutura.
– Precisamos levantar o quanto a prefeitura poderá pagar por mês para manutenção, estamos buscando com o Estado alguma ajuda para tentar habilitar a Upa no Ministério da Saúde – afirma o diretor-geral de Saúde de Alvorada, Guilherme Guterres.
Ele também não descarta abrir a estrutura com o número reduzido de médicos, aproveitando a mudança das regras do número mínimo de médicos anunciada pelo Ministério da Saúde no final do ano passado. A nova norma vale para todas as Upas e fica a critério do gestor alterar as formas de custeio para as que já estão em funcionamento.
O intuito dessa portaria é flexibilizar as regras para que novas Upas comecem a funcionar. Agora, uma Upa de porte 2, como a de Alvorada, pode funcionar com dois médicos diurnos e um noturno. Antes, eram exigidos quatro médicos por turno/plantão. Pela vizinhança desta Upa, o clima é de descrença na abertura da unidade. Ao passar em frente ao prédio, os moradores comentam não ter esperança de algum dia ver a Upa do Bairro Nova Americana funcionando.
– Ia ser uma mão na roda se a Upa funcionasse. No tempo que vou até o Hospital de Alvorada de carro, poderia vir a pé até a Upa – calcula a dona de casa Lisiane Dias, que mora a duas quadras da unidade.
Valores
Segundo o Ministério da Saúde, as Upas devem começar seu funcionamento com recursos da prefeitura. A partir disso, é feita habilitação pelo ministério para o local receber recursos federais. O valor repassado depende do que for pactuado com cada prefeitura e leva em conta critérios como porte da Upa e quantidade de profissionais, por exemplo.
* Colaborou Camilla Rosa