Combater e enfrentar o racismo dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) são alguns dos objetivos do 1° Simpósio Internacional de Saúde da População Negra que começou nesta terça-feira, em Porto Alegre. Contando com a presença de mais de mil participantes, o encontro abre espaço para uma discussão entre sociedade civil, trabalhadores e gestores da área sobre o tema.
Conforme a gerente de políticas de saúde de equidade étnico-racial da Secretaria Municipal da Saúde, Elaine Oliveira Soares, o evento serve para chamar a atenção para o preconceito racial que ocorre dentro do SUS, tanto entre profissionais quanto entre usuários:
Leia mais:
Morte de mulheres negras no Brasil avança 54% em 10 anos, aponta estudo
TJ-RS declara inconstitucional feriado da consciência negra em Porto Alegre
– A discussão está sendo feita para evidenciar o quanto o racismo impacta na vida da população negra e como isso faz com que estas pessoas venham a morrer antes do tempo. Isso impede que o processo de igualdade, universalidade e equidade, que são princípios do Sistema, possa de fato se reverter na melhor qualidade de saúde para a população – avalia.
Para debater o tema, representantes de todo Brasil e de países como Uruguai e Estados Unidos estarão reunidos na Capital até a quinta-feira. Nesta manhã, o secretário municipal da Saúde, Fernando Ritter, esteve em uma das mesas e destacou a importância da realização do simpósio.
– É através de muita luta e resistência que podemos fazer um evento como este. Temos que segurar o ímpeto e o desejo de outras pessoas que lutam contra.
Ritter reforçou que ainda há um longo caminho a ser percorrido dentro do SUS, mas diz que tem lutado para combater o preconceito.
– Eu, como secretário, não quero e não vou permitir nenhum tipo de discriminação. Não podemos nos acomodar.
Apesar de ainda enfrentar episódios de racismo dentro do âmbito da saúde, Porto Alegre é vista como modelo no cuidado com pessoas negras em função do grupo formado por mais de 300 profissionais, chamados de Promotores de Saúde da População Negra.
– Agora, serão formados mais 120 promotores. Com isso, Porto Alegre terá uma rede cobrindo todas as gerências distritais de saúde. Toda a atenção básica terá pessoas formadas e habilitadas para discutir sobre como o racismo e a discriminação racial impactam no cuidado, na prestação de serviço e no perfil de saúde da população – destaca a representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas, Fernanda Lopes.
Entre os temas que serão discutidos nesta quinta, estão os desafios e possibilidades da saúde da população negra e a juventude negra e os desafios da Década Internacional de Afrodescendentes.