Em tempos de violência, ser taxista é um desafio e tanto. Mas isso não intimida a mulherada, que, cada vez mais, chega junto e faz deste ofício, predominantemente masculino e cheio de riscos, o seu ganha-pão. De acordo com o Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintaxi), o número de mulheres que põem a mão no volante dobrou em relação ao ano passado! Hoje, elas são 200 num universo de 10,4 mil profissionais.
Motivos para comemorar elas têm: segundo a Secretaria de Segurança do Estado, o número de ocorrências de roubo à categoria na Capital diminuiu de 164, no primeiro semestre de 2015, para 143, no mesmo período de 2016. Mas o alerta tem que estar sempre ligado quando o assunto é segurança. É o que faz Andréia Aparecida Ribeiro Terres, 45 anos, do Morro Santa Tereza, que, há nove anos, trabalha em um táxi. Ela já foi assaltada, mas segue na profissão que traz, ainda, outros desafios.
O que era para ser mais uma corrida para Andréia, por pouco, não se transformou em tragédia, há cerca de cinco anos, na única vez em que ela foi assaltada. – Colocaram uma faca nas minhas costas, pediram tudo, e eu dei
– conta a taxista, que ficou sem o dinheiro do dia e perdeu o celular.
Recomeçar deu trabalho, mas, mesmo ciente de que a profissão é perigosa, voltou ao batente. – A única coisa que eu pensava era quem iria cuidar dos meus filhos se acontecesse algo comigo – diz a mãe de Greyce, 28 anos, Lucas, 26, Julyne, 24, e Airton, 21.Andréia é separada e, depois do divórcio, tornou-se a chefe da família. Na divisão dos bens, ficou com o carro do ex-marido e, como precisava trabalhar, apostou no táxi. – No início, achei que ia ser um fracasso. Chegava em casa e chorava todo o tempo. Eu não conhecia nada da cidade, mas, daí, um ajudou daqui, outro, dali, e, com o apoio dos meus filhos, deu tudo certo – lembra ela, que, hoje, diz ter a cidade nas mãos.
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Vaidade e assédio
De segunda a sexta, das 17h a 1h, ela leva pessoas para qualquer lugar. Não existe endereço proibido, mas uma das suas medidas de segurança é fidelizar o cliente. – Eu deixo o meu telefone para o passageiro, para oferecer um serviço diferenciado – explica a taxista, que também se vê às voltas com alguns mais atrevidos:– Eles vêm pra cima (assediando). O segredo é cortar na hora e impor respeito. Mas o assédio não tira de Andréia a alegria nem a vaidade. Além de simpática com a clientela, faz questão de estar sempre bem-apresentada, do uniforme à maquiagem.– Não saio de casa sem meu batom, brincos, anéis e um bom perfume. Não me importo de usar uniforme, mas preciso estar sempre perfumada.
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Conquistas
Mesmo com todos os desafios, Andréia se orgulha da profissão, que rende cerca de R$ 3,5 mil por mês e já possibilitou que ela trocasse de carro. Hoje, tem um Grand Siena novinho, quatro portas e com ar-condicionado. Além disso, já conta com o apoio de duas funcionárias, que a socorrem nas horas de folga: Liege da Silva, 34 anos, e Suzete de Andrade, 46. Com três mulheres ao volante, a taxista se diverte.– Vou colocar um adesivo no carro escrito: trio de super poderosas– dá risada.
Como se tornar uma delas
1) Vá até um CFC e peça para alterar a carteira de motorista para ''atividade remunerada''.
2) É preciso fazer o curso de formação de condutor para táxi. Pode ser realizado no Sest/Senat e na Faculdade Dom Bosco. O valor varia de R$ 210 a R$ 250, e a carga horária é de 50h/aula
3) Procure um prefixo e se candidate para auxiliar de motorista./// Mais informações pelos telefones: 3374-8080/ 3361-6700.