Sentado em um lugar especial, dedicado aos apoiadores do Grupo de Dança Independance, o analista de sistemas George Fabris Justo, 41 anos, pôde ver de perto a graça e o empenho de cem bailarinas de Alvorada. Capitaneadas pela professora Claudia Souza Malta Costa, 16 anos, a Profe Clau, as pequenas dançarinas o motivaram a ajudar desde a Suíça, onde mora há sete anos.
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No ano passado, o porto-alegrense que vive na Europa há 12 anos fez a doação de sapatilhas e collants para as meninas do projeto que acontece na Escola Estadual Maurício Sirotsky Sobrinho, que ele conheceu a partir da reportagem do Diário Gaúcho lida na internet. Para isso, entrou em contato com uma amiga que mora em Brasília, cujos pais vivem em Porto Alegre e fizeram chegar a ajuda a Alvorada.
Na tarde deste domingo, no salão da Paróquia Nossa Senhora do Caravaggio, no Bairro Maria Regina, junto com outras 300 pessoas, George sentiu a energia envolvida num projeto que há quatro anos vem modificando a vida de meninas de bairros como Maria Regina, Salomé, Umbu, Algarve e Nova Alvorada.
– Estou muito emocionado, muito feliz. Achei a energia delas muito boa – contou, enquanto acompanhava o bailado de fadas, jardineiras, animais da água, da luz, todos personagens do filme Tinker Bell, representados no espetáculo de dança que encerrou o ano.
Além de demonstrar pessoalmente a admiração pelo trabalho de Clau e suas alunas, a visita de George rendeu mais frutos: ele mobilizou cinco brasileiros e uma espanhola que vivem em Genebra, onde ele reside, e de lá veio o apoio para garantir mais 93 pares de sapatilhas.
– Conhecer quem lá do outro lado do mundo se comoveu com uma história de Alvorada é muito emocionante – disse Clau, durante o espetáculo.
Além de George, o projeto conta com o apoio de uma loja da cidade e tem uma rede de mães que se envolve na confecção dos figurinos e na realização dos eventos, como o chá de ontem, que garantem o recurso necessário para manter as apresentações.
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Empenho na confecção de figurinos
Assim como tantas mães, que transbordaram de orgulho diante da beleza e desenvoltura de suas pequenas bailarinas, Marlene Souza Costa, 50 anos, vivia mais uma vez a emoção de assistir à realização da filha Claudia.
– Ela se dedica de corpo e alma e eu tenho que acompanhá-la – disse a mãe, responsável pela criação de todas as fantasias usadas pelas cem meninas de três a 16 anos.
Dos desenhos feitos por ela, moldes dos figurinos são confeccionados em bonecas Barbie para, depois, ganharem forma pelas mãos de 20 mães de alunas que costuram.
– Levantei às 5h30min para terminar as últimas fantasias. A Marlene desenha e a gente executa – explicou a costureira Dione do Nascimento, 49 anos, mãe das bailarinas Melissa, 15 anos, e Marina, nove anos, alunas da Maurício Sirotsky Sobrinho.
– Eu adoro dançar, é muito legal – disse Marina, eufórica.
Contato com a arte
– A maioria das meninas não teria contato com a arte se não fosse pelo projeto. Quando colocam a fantasia, o fru-fru no cabelo, os problemas ficam do lado de fora.
Com a frase, Paula Nunes, 28 anos, dinda da profe Clau e uma das envolvidas na organização do evento, mostra a importância do projeto na vida das meninas.
A dona de casa Tânia Azambuja, 42 anos, concorda com a evolução na vida das crianças. Ela conheceu a história da profe Clau pelo Diário Gaúcho e há dois levou a filha Isabelle Azambuja Lima, quatro anos, para participar.
– É muito bom, ela se entrosou mais com as outras crianças. Era muito tímida.
A aposentada Cleide Pinheiro, 52 anos, que assistia da plateia as sobrinhas, elogiou:
– É muito bom um projeto que tira as crianças da rua. Assim, os pais podem trabalhar mais tranquilos. E também se sentem mais motivadas a estudar (uma das condições para a participação é ter boas notas).