O processo de revisão das aposentadorias por invalidez pagas há mais de dois anos pelo INSS começou a frear o crédito em instituições financeiras. O pente-fino do governo ligou o sinal de alerta, principalmente, em instituições com atuação forte nos empréstimos consignados a aposentados e pensionistas.
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Clientes com menos de 60 anos que estão aposentados por invalidez devem começar a sentir dificuldade para obter esse tipo de empréstimo. Isso porque eles serão chamados para nova perícia no INSS, e quem for considerado apto a voltar ao trabalho poderá perder a aposentadoria.
Como a prestação do consignado é descontada na folha de pagamento do INSS, os bancos temem a inadimplência. Pelos menos dois bancos, o Safra e o Daycoval, já suspenderam os empréstimos a esses aposentados temendo futuros calotes no ano que vem. Ambos têm atuação na Capital. No caso do Safra, todo o atendimento é realizado por telefone, e o contrato para assinatura pode ser enviado para a residência do cliente.
Suspenso
O Diário Gaúcho entrou em contato com o atendimento ao cliente das duas instituições. No Daycoval, o consignado é oferecido somente para aposentados por invalidez com mais de 57 anos, uma restrição nova.
– Isso é por causa de todas essas mudanças no INSS, essas revisões nos benefícios. Por isso essa mudança – afirmou o funcionário.
No atendimento por telefone do Safra, o operador é mais radical.
– Não fazemos mais consignados para aposentados por invalidez. É algo que se adotou de uns três meses para cá – diz a funcionária.
Lojas de outras duas instituições financeiras foram visitadas pelo DG nesta sexta-feira na Avenida Assis Brasil, Zona Norte da Capital. Tanto no correspondente da Crefisa quanto no do BMG, não há nenhuma restrição para esse tipo de aposentado.
INSS não interfere em transações
Procurada pelo DG, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representa as instituições médias, garantiu que não tem conhecimento sobre esse tipo de restrição ao crédito consignado para aposentados por invalidez.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também afirmou que não há orientação sobre o assunto aos bancos. O INSS informa que não tem responsabilidade pelos débitos contratados pelo segurado. O instituto ressaltou que as instituições financeiras podem criar critérios próprios e que o INSS não interfere.