Desde segunda-feira de volta à secretária de Educação, após um período em férias que coincidiu com o início das ocupações dos estudantes nas escolas públicas do Rio Grande do Sul e da greve dos professores da rede estadual, Vieira da Cunha garantiu, em entrevista à Rádio Gaúcha, que as manifestações dos alunos não serão tratadas como casos de polícia.
– Os alunos são pouco ouvidos, têm pouca voz. Eles são os verdadeiros donos das escolas, queremos dialogar e conversar. Eles têm de participar mais das definições das políticas públicas e das decisões sobre as prioridades de investimento. Eu quero abrir a secretaria e também ir ao encontro deles para que eles possam participar mais da gestão. Assim é que vamos distensionar o ambiente – disse.
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Vieira disse que há um componente político nas ocupações, mas afirmou que algumas reivindicações dos alunos são legítimas.
O secretário afirmou que reassumiu o cargo nesta segunda-feira, após período de férias, e já se reuniu com o Cpers para tratar da pauta que determinou a paralisação dos professores estaduais.
– Sabemos que o padrão salarial da categoria está aquém, mas nesse momento não há condições de o governo fazer qualquer proposta de reajuste. Não conseguimos sequer pagar em dia. Sobre as outras reivindicações, me comprometi a responder uma a uma – explicou.
Além da reivindicação de reajuste de 13,1% nos vencimentos, a categoria encaminhou à Educação o fim do parcelamento dos salários, cumprimento da lei do piso – que hoje estaria 69,44% defasado, de acordo com o sindicato –, IPE com pleno atendimento e sem aumento de descontos, o fim do fechamento de turmas e escolas e a disponibilidade de merenda para todos os alunos.
Uma nova reunião foi marcada para 31 de maio. Durante a entrevista, o secretário afirmou que espera que o comando de greve marque uma assembleia para propor o fim da paralisação logo após o próximo encontro. Na semana passada, o comando de greve foi recebido pelo Secretaria Estadual de Educação (Seduc), secretário da Casa Civil, Márcio Biolchi, e pelo secretário interino da Educação, Luis Antônio Alcoba de Freitas, mas o encontro foi marcado por confusão e terminou sem avanços.
Questionado sobre o "boato" acerca de seu afastamento da pasta e da possível candidatura à prefeitura da Capital, ele explicou que, de fato, chegou a pedir demissão ao governador José Ivo Sartori, mas que a solicitação foi negada. Como contraproposta, o governador teria aprovado a ampliação o número de vagas em escolas de turno integral – de 9,9 mil para 24,5 mil.
– Até o dia 30, o partido deve tomar uma decisão sobre quem será o candidato a prefeito. Não há uma decisão pessoal tomada neste sentido. Em uma semana poderei responder (se fica na secretaria de Educação) – afirmou.