Terminou sem avanços a terceira reunião entre o comando de greve dos professores e a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), na manhã desta terça-feira. O grupo foi recebido pelo secretário Vieira da Cunha, mas reivindicava também a presença do secretário da Fazenda, Giovani Feltes, que não compareceu.
A conversa, realizada no Auditório Paulo Freire, na Seduc, durou menos de 20 minutos e terminou com o grupo de professores insatisfeito.
– Não tem nada, a contraproposta apresentada pelo secretário não contempla nada da nossa pauta. Segue a greve, vamos continuar fortalecendo o movimento a partir de hoje. O governo apresentou absolutamente nada. Tenho certeza de que isso vai indignar ainda mais a categoria. A greve é um instrumento dos trabalhadores que tem de ser respeitada. A greve só acaba após uma negociação respeitosa, e não estamos tendo – disse a presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Schürer.
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Entre as reivindicações da categoria estão o fim do parcelamento de salários, reajuste de 13,1% nos vencimentos, cumprimento da lei do piso – que hoje estaria 69,44% defasado, de acordo com o sindicato –, IPE com pleno atendimento e sem aumento de descontos, o fim do fechamento de turmas e escolas e a disponibilidade de merenda para todos os alunos.
Segundo o secretário Vieira da Cunha, uma contraproposta foi apresentada, mas não foi aceita pelo comando de greve. No documento entregue ao grupo, o governo diz que "a atividade econômica continua recessiva, o que tem implicado na redução da arrecadação de impostos. A situação da dívida do Estado com a União também não está equacionada, o que significa impossibilidade material, no momento, de atendimento da reivindicação de reajuste salarial".
– É impossível falar sobre qualquer reajuste quando não estamos conseguindo nem pagar em dia os salários dos servidores. Isso foi reafirmado hoje na reunião, mas os professores saíram daqui insatisfeitos – disse Vieira após o encontro.
De acordo com Helenir, o comando pretende encaminhar denúncia ao Ministério Público sobre as agressões que alunos teriam sofrido dentro das escolas ocupadas.
– Nossos alunos estão sendo agredidos nas escolas ocupadas, não somente em Porto Alegre. Colocamos para o governo que toda a integralidade física dos alunos será responsabilidade do governo a partir de hoje. Não coordenamos o movimento dos estudantes, mas estamos levando toda a nossa solidariedade para defender o direito deles – afirmou Helenir.
Vieira da Cunha deve receber um grupo de estudantes na tarde de hoje, em seu gabinete, para falar sobre as reivindicações dos alunos.
– Espero que, a partir desta reunião, em que terei a oportunidade, finalmente, de tomar ciência da pauta de reivindicações (dos alunos), possamos distensionar e estabelecer um processo de negociação diretamente com os estudantes e fazer com que as escolas possam, nesse aspecto, voltar à normalidade – apontou o secretário.