A tempestade de 29 de janeiro ainda deixa marcas na Capital - inclusive na área da educação. Duas escolas que foram fortemente atingidas pelo vento, que chegou a quase 120 km/h, terão de adiar o início das aulas, previsto para a próxima segunda-feira. Ambas são da rede estadual: a Escola de Ensino Fundamental Dr. Carlos Barbosa Gonçalves, no Bairro Navegantes, e o Colégio Protásio Alves, na Azenha.
As aulas serão adiadas em uma semana na Carlos Barbosa (começam no dia 7 de março) e em duas no Protásio Alves (início em 14 de março), afetando 2.280 alunos. O prejuízo é de R$ 3,045 milhões. Conforme a Secretaria da Educação do Estado (Seduc), ambas já estão com recursos disponibilizados nas contas para a realização das obras. Na Carlos Barbosa, será feita substituição de telhas, no valor de R$ 10 mil.
Já no Protásio, que enfrenta problemas estruturais em seu prédio desde 2015, uma empresa está trabalhando na reforma do telhado. O valor disponibilizado foi de R$ 137 mil.
- Não há segurança para que as aulas se iniciem neste momento. Parte da escola está destelhada, e qualquer chuva pode inundar a estrutura elétrica e trazer risco a alunos e professores - diz a diretora do Protásio Alves, Ana Maria de Souza.
Recuperação
Com 1,7 mil estudantes, o colégio na Avenida Ipiranga já sofria com goteiras, e boa parte do telhado desabou com a chuvarada. Uma empresa foi chamada pela Seduc para fazer o conserto do telhado, e a obra já começou.
A direção chamou empresas para fazer reparos menores, como a colocação de vidros e a reconstrução do calçamento quebrado. A escola ainda teve salas inundadas e muros derrubados. O prejuízo total é estimado em R$ 300 mil.
- O atraso será recuperado com aulas aos sábados e redução dos feriadões programados para o ano - adianta a diretora.
Na escola Carlos Barbosa Gonçalves, a corrida é para que o atraso na retomada das atividades seja o menor possível. O repasse de R$ 10 mil, feito pela Seduc na segunda-feira passada, não deve dar conta do conserto da rede elétrica e da remoção das árvores caídas no pátio. A diretora Lúcia Scalabrino solicitará verba extra para completar o trabalho. Mas mantém a convicção de que as aulas poderão ser iniciadas somente em 7 de março.
- Seria pior colocarmos os alunos dentro da escola enquanto os reparos estão sendo feitos, com todos os riscos que isso envolve - avalia.
Os pais que procuram a escola estão sendo avisados do adiamento, mas a maioria receberá a notícia quando chegar com os filhos na próxima segunda-feira.
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Reforço da comunidade
A rapidez na liberação de verbas e no processo de contratação emergencial de prestadores de serviços ajudam a explicar por que apenas duas das instituições estaduais que foram danificadas pelo temporal terão de adiar o início das aulas - não houve avarias graves nas redes municipal e privada.
Diretor administrativo da Seduc, Marcelo Verlindo destaca que a Secretaria da Fazenda liberou R$ 3,045 milhões para as obras emergenciais nas 75 instituições atingidas. Deste total, R$ 2,645 milhões já foram enviados para as escolas. O restante, conforme Marcelo, só não foi liberado ainda por problemas administrativos - houve mudança de diretores neste ano e alguns ainda não foram nomeados, impedindo, portanto, a abertura de conta no banco para repasse do valor.
- À medida que estes problemas forem resolvidos, haverá liberação do dinheiro - diz Marcelo, que destaca que estes valores sairão do orçamento de R$ 60 milhões para obras emergenciais que foi liberado para a Seduc usar em todo o Estado durante o ano.
Uma força-tarefa do Grupo RBS, que envolveu quatro veículos da Capital - Zero Hora, Diário Gaúcho, RBS TV e Rádio Gaúcha - verificou que grande parte das escolas atingidas pela tempestade do fim de janeiro já conseguiu solucionar os maiores problemas, como destelhamento, vidros quebrados ou acúmulo de entulho.
No Colégio Júlio de Castilhos, a remoção dos galhos foi feita antes de a Seduc repassar verbas, com dinheiro que havia no caixa da escola. Na semana passada, já com a verba emergencial na conta, foram recolocados vidros e divisórias das salas de aula. Para reerguer os muros, no entanto, não havia previsão.
- Não dá para reclamar de atraso em repasse desta vez - diz a vice-diretora do turno da noite, Marly Koltermann.
O apoio da comunidade também ajudou a resolver problemas mais imediatos. Pais e professores da Escola Estadual Aurélio Reis, no Bairro Jardim Floresta, decidiram fazer um mutirão para remover os galhos e as telhas que desabaram sobre o pátio, o que possibilitará pontualidade no início das aulas.
Para cumprir o calendário, mesmo algumas escolas que ainda não estão 100% abrirão as portas na próxima segunda. A Presidente Roosevelt, no Bairro Menino Deus, começará o ano sem o laboratório de informática, que teve dois computadores queimados, e sem a área de convivência, interditada em razão de bancos quebrados.
Os prejuízos ficaram em torno de R$ 100 mil, e a Seduc depositou R$ 80 mil. O dinheiro foi usado para arrumar calçadas, canos quebrados e telhas caídas. Árvores foram retiradas e replantadas.
- As obras são suficientes para manter a escola em funcionamento e possibilitarão reabrir normalmente - diz a diretora Maricy Bonorino.
* Participaram desta reportagem Eduardo Matos, Erik Farina, Rosângela Monteiro e RBS TV