O governo federal vai mudar os critérios para a definição decasos de microcefalia. A decisão, que começou a valer nessa quinta-feira, em Pernambuco e nos próximos dias deverá ser estendida para todo o território nacional, reduz de 33 para 32 centímetros o perímetro cefálico do bebê considerado portador da má-formação. Na prática, menos pacientes serão considerados como casos "suspeitos".
- Estávamos até agora pecando pelo excesso. Adotávamos uma marca mais rígida do que a Organização Mundial da Saúde (OMS), que há anos considera microcefalia apenas bebês com perímetro cefálico igual ou inferior a 32 centímetros - afirmou a secretária executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque.
Ministério confirma relação entre zika vírus e microcefalia
O Estado lidera as estatísticas de notificação de casos da microcefalia, cuja relação com o zika vírus já foi confirmada. Até a semana passada, eram 646 casos e 1.248 no País.
- Verificamos que somente uma pequena parte dos pacientes que estão entre 32 e 33 centímetros apresentava calcificações, uma espécie de cicatriz que se forma no cérebro depois dos processos infecciosos - disse Angela Rocha, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). - Não estamos relaxando os critérios. Agora, poderemos saber melhor o perfil dos bebês que de fato têm a má-formação relacionada com o zika - afirmou.
O que é e o que causa a microcefalia
Neuropediatra diz que casos de microcefalia indicam uma nova doença
A mudança dos parâmetros começou a ser discutida há uma semana, em uma reunião de especialistas organizada pelo Ministério da Saúde, em Brasília.
Além da alteração do critério, Pernambuco anunciou, também nesta quinta-feira, que vai acompanhar as gestantes com suspeita de zika. A medida também deverá ser estendida para outros Estados para tornar mais ágil a identificação e o acompanhamento dos bebês com microcefalia.
Rio Grande do Sul está em alerta para zika vírus
Em Pernambuco, as mulheres que apresentarem sintomas de zika - manchas pelo corpo, coceira, febre - serão encaminhadas para um serviço de referência. Elas farão exames e, na última fase da gestação, a partir da 32ª semana, serão submetidas a um ultrassom. Atualmente, um exame já é garantido, mas o período em que é feito fica a critério do médico.
Agora, havendo suspeitas de microcefalia, a mulher fará mais de um exame.
- É na fase final da gestação que podemos avaliar com mais precisão se o bebê tem ou não a má-formação - disse Angela.
Entenda como o zika vírus se espalhou pelo mundo
A gravidez não é considerada de risco e, mesmo que identificada a microcefalia do feto, a gestante continuará na rede básica. A mudança terá efeito sobretudo no atendimento do bebê. Uma vez diagnosticado, a ideia é deixar planejados exames e atendimentos necessários. O protocolo de Pernambuco também prevê a oferta de uma assistência psicológica para gestantes. O acompanhamento também será útil para reunir informações que poderão ser usadas por autoridades sanitárias.
Minas Gerais investiga 11 casos
A Secretaria Estadual de Saúde de Minas informou nessa quinta que investiga as causas de 11 casos de microcefalia. A intenção é verificar se a má-formação do crânio tem relação com o zika vírus. Os registros foram feitos a partir do dia 11 de novembro, quando a notificação passou a ser obrigatória.
- Cabe destacar que esta investigação é um processo que envolve diagnóstico não somente do zika, mas de outros agentes que possam ser responsáveis pela má-formação. Então, a gente precisa fazer um diagnóstico laboratorial com um painel ampliado - disse Rodrigo Said, superintendente de Vigilância Epidemiológica. Ele afirmou que ainda não há confirmação de que o zika esteja circulando no Estado.