Para concentrar-se no trabalho, distrair-se na viagem de ônibus ou dar um gás na esteira da academia, não importa: os fones de ouvido tornaram-se tão essenciais quanto carteira e celular para uma sociedade que não gosta de viver sem trilha sonora. Mas quais as diferenças e como cada modelo pode afetar sua audição?
Zero Hora conversou com a professora de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Dra. Isabela Hoffmeister Menegotto, e com a otorrinolaringologista Elizabeth Araujo Pereira, do Hospital Moinhos de Vento, para explicar como cada tipo de fone pode interferir no correto funcionamento de nosso sistema auditivo.
Os fones auriculares são pequenos e geralmente ficam apenas encaixados na orelha. Eles geralmente acompanham smartphones e outros dispositivos eletrônicos.
Vantagens: são leves e têm preço acessível.
Desvantagens: por serem apenas encaixados, permitem um vazamento de som. Com a interferência de ruídos externos, os usuários aumentam o volume dos dispositivos acima do nível recomendado, podendo causar lesões no ouvido.
Os intra-auriculares são fones pequenos que vêm com pontas de silicone para encaixar no ouvido.
Vantagens: são portáteis e têm um melhor isolamento de som.
Desvantagens: o encaixe pode causar desconforto em alguns usuários e, por serem inseridos no ouvido, os fones podem causar perda auditiva maior em caso de volume acima do recomendado.
Os supra-auriculares são fones de tamanho médio, que têm armação e cobrem a orelha.
Vantagens: têm melhor qualidade de som e são mais confortáveis.
Desvantagens: são mais caros e menos portáteis.
Os circumaurais são fones grandes em formato côncavo que cercam e cobrem toda a orelha.
Vantagens: têm a melhor qualidade de som e bom isolamento acústico dos ruídos externos.
Desvantagens: são mais pesados, têm preços elevados e muitos deles esquentam.
As especialistas não indicam os fones que se encaixam na orelha ou dentro do ouvido.
- Os fones de inserção concentram e intensificam os sinais sonoros, por isso têm maior potencial de perda auditiva. Como se encaixam diretamente no canal do ouvido, tornam o volume de ar e a distância da fonte de música para o tímpano muito reduzida, assim dobram o nível relativo da exposição ao ruído - afirma a otorrinolaringologista Elizabeth.
Tempo de exposição deve ser limitado conforme o nível de volume
- Quem usa os fones externos a um volume de 60% pode ouvir música de seus aparelhos por até uma hora por dia. Já aqueles que ouvem a volumes inferiores podem usar os dispositivos por um período mais prolongado. É fundamental realizar intervalos no uso. A cada duas horas, faça uma pausa de cerca de 30 minutos. Essa atitude pode ser suficiente para preservar a audição - explica a médica do Hospital Moinhos de Vento.
De acordo com a professora Isabela, desde 2006, a legislação obriga que os fabricantes de equipamentos portáteis sonoros individuais informem seus clientes de que o uso do equipamento acima de 85 decibéis pode acarretar dano ao sistema auditivo. Esse número corresponde a 65% do volume dos dispositivos, que geralmente podem chegar a até 130 decibéis.
- O problema é o uso prolongado de fones em alta intensidade. Também é importante lembrar que as diferentes exposições a ruído são somadas: se você escuta o som alto nos fones, depois vai trabalhar em um local ruidoso, depois volta para casa em um transporte muito ruidoso, todas essas exposições são somadas.
Estou ouvindo mal. Quando devo procurar um médico?
As especialistas destacam alguns sinais de alerta que podem ser notados após o uso indevido dos dispositivos de som. O usuário deve procurar um médico se:
- Apresentar zumbido , "barulhos de campainhas" ou dor nos ouvidos;
- Precisar sempre aumentar o volume da TV e do rádio;
- Tiver dificuldade de compreender o que lhe dizem;
- Falar alto;
- Notar sintomas secundários como desequilíbrio, tontura e dores de cabeça;