Assim que ficou sabendo que estava grávida, a fotógrafa de gestantes e bebês Luana Maciel, 26 anos, começou uma cruzada para conseguir o parto normal. Fez ioga para gestantes, entrou em contato com uma doula, pesquisou muito na internet sobre posições, sobre o que fazer na hora das contrações, sobre como aliviar as dores. Exercitou-se bastante, do início ao fim da gestação, para garantir que o filho viesse ao mundo da forma mais natural possível.
Apesar de todo o esforço, Luana acabou engrossando as estatísticas que preocupam o Ministério da Saúde: a do crescente número de mulheres brasileiras que passam por cesáreas. No Rio Grande do Sul, a proporção de gestantes que optam pela cirurgia, apesar dos riscos, aumentou 41% ao longo da última década. Entre 2000 e o ano passado, a taxa saltou de 40,9% para 58% dos partos no Estado.
A história de Luana mostra um outro lado da questão: muitas vezes, as mulheres querem ter o parto normal, mas, por algum motivo, não conseguem. Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública com colaboração do Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, e da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro indica que 70% das brasileiras gostariam de tentar o parto normal, mas apenas 10% atingem esse objetivo.
No caso da fotógrafa, a indicação de cesárea feita pelo obstetra veio quando, chegando a 40 semanas, ela não tinha dilatação. Além disso, o profissional verificou que a cabeça do bebê era muito grande.
- O médico disse: "Quando você começar a ter contrações, a cabeça dele vai entrar em contato com o seu osso e não vai conseguir passar. Então, o bebê vai entrar em sofrimento. Vamos ter de fazer uma cesárea com urgência. O que você quer?" - recorda Luana.
Ela ainda tentou resistir, mas o alerta do especialista de que o parto normal seria arriscado para a saúde do bebê falou mais alto. Na manhã de 21 de outubro de 2009, com hora marcada, nasceu João Gabriel.
- Não me arrependo porque deu tudo certo, mas acho que eu poderia ter esperado mais um pouco. Mas era aquela coisa: primeiro filho, primeiro parto... Estava muito insegura, meu marido não estava comigo na hora. E todo mundo me dava apoio para ter cesárea, porque, na minha família, todas fizeram a cirurgia. Acho que faltou mais segurança minha do que qualquer outra coisa - diz Luana.