Lia Wyler, tradutora brasileira de Harry Potter, morreu na manhã desta terça-feira (11) em sua casa, no Rio de Janeiro, aos 84 anos. A causa da morte não foi divulgada, mas nos últimos anos Wyler já havia sofrido ao menos dois AVCs.
Ela foi a responsável por traduzir o mundo mágico criado pela britânica J. K. Rowling para o português. Repleto de palavras inventadas, foi por meio do trabalho de Lia que Harry Potter foi apresentado aos fãs brasileiros: os não mágicos muggles se tornaram "trouxas", os quidditch, "quadribol", e as quatro casas de Hogwarts (Gryffindor, Slytherin, Ravenclaw e Hufflepuff) foram rebatizadas de Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa.
Por seu trabalho nos três primeiros livros da série, a tradutora recebeu o prêmio Monteiro Lobato e o selo de "altamente recomendável" da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, em 2001. Em 2007, quando terminou de traduzir o último volume de Harry Potter, As Relíquias da Morte, Lia afirmou que sentiria falta das histórias do jovem bruxo.
Durante sua carreira, ela também traduziu obras de outros favoritos do público como Stephen King, Margaret Atwood e Conan Doyle, além de grandes escritores como Sylvia Plath, John Updike, Saul Bellow e Joyce Carol Oates.
Natural de Ourinhos, no interior de São Paulo, Lia Wyler se formou em letras na PUC-Rio e, mais tarde, realizou seu mestrado na UFRJ. Ela fez seus primeiros trabalhos de tradução ainda nos anos 1970 e foi presidente do Sindicato Nacional dos Tradutores em 1990.
A editora Rocco, responsável pela publicação de Harry Potter no Brasil e de outros livros traduzidos por Lia, divulgou uma nota de pesar:
"O trabalho do tradutor é um dos fios principais de uma história. Ele empresta suas palavras para construir narrativas e fazer que uma história seja compreendida, tocando o coração das pessoas. Lia Wyler traduziu inúmeros títulos importantes de nosso catálogo, entre eles A Fogueira das Vaidades, de Tom Wolfe, Negociando com os Mortos, de Margaret Atwood, e os sete livros da saga Harry Potter, de J.K. Rowling. Lia, nosso muito obrigada por sua sensibilidade e dedicação, por ter compartilhado conosco a magia da leitura de obras tão importantes, acessíveis através de suas traduções. Varinhas ao alto!".