A escritora Clara Averbuck fez um relato nesta segunda-feira (28) em seu Facebook em que afirma ter sido violentada por um motorista do Uber em São Paulo. Clara, que também é colunista da Revista Donna, afirmou ter virado "estatística de novo", referindo-se a um episódio anterior da adolescência, quando foi estuprada.
"Queria chamar de 'tentativa de estupro', mas foi estupro mesmo. Tava bêbada? Tava. Foda-se. Não vou incorrer no mesmo erro de quando eu era adolescente e me culpar. Fui violada de novo, violada porque sou mulher, violada porque estava vulnerável e mesmo que não estivesse poderia ter acontecido também", escreveu a escritora no relato postado por volta das 10h30min da manhã desta segunda-feira. Clara está em São Paulo.
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Ela ainda acrescentou: "O nojento do motorista do Uber aproveitou meu estado, minha saia, minha calcinha pequena e enfiou um dedo imundo em mim, ainda pagando de que estava ajudando 'a bêbada'". Ela afirmou estar "machucada". "Estou em casa e medicada pra me acalmar", afirmou.
Ela declarou que está decidindo se irá denunciar o fato. "Estou decidindo se quero me submeter à violência que é ir numa delegacia da mulher ser questionada, já que a violência sexual é o único crime que a vítima é que tem que provar. Não quero impunidade de criminoso sexual mas também não quero me submeter à violência de Estado. Justamente por ter levado tantas mulheres na delegacia é que eu sei o que me espera. Estou ponderando."
"Estou com o olho roxo e a culpa de ter bebido e me colocado em posição vulnerável não me larga. A culpa não é minha. Eu sei. A dor, a raiva e a impotência também não me largam. Estou falando tudo isso para que todas as que me leem saibam que pode acontecer com qualquer uma, a qualquer momento, e que o desamparo e o desespero são inevitáveis. O mundo é um lugar horrível pra ser mulher", finalizou.
A escritora gaúcha já havia revelado anteriormente que foi vítima de estupro aos 13 anos. O crime ocorreu em uma festa de uma escola particular e foi cometido por três homens.
Em nota, o Uber afirmou que " repudia qualquer tipo de violência contra mulheres". Além disso, confirmou que baniu o motorista do aplicativo. Leia a íntegra abaixo:
"A Uber repudia qualquer tipo de violência contra mulheres. O motorista parceiro foi banido e estamos à disposição das autoridades competentes para colaborar com as investigações. Acreditamos na importância de combater, coibir e denunciar casos de assédio e violência contra a mulher".