Como está a sua glicose? A terceira idade é a faixa etária com a maior prevalência de diabetes, e os cuidados com essa doença crônica ganham destaque neste mês, que tem o Dia Mundial do Diabetes, em 14 de novembro.
A doença é causada pela produção insuficiente ou pela má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e fornece energia para o organismo. O aumento do nível de açúcar na corrente sanguínea pode acarretar uma série de complicações: no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos de maior gravidade, a enfermidade pode levar a amputações de membros e até matar. Há dois tipos de diabetes, o 1 e o 2 (leia mais abaixo).
O controle da doença está diretamente ligado aos hábitos do dia a dia. A médica endocrinologista Taíse Rosa de Carvalho, do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), explica que o manejo tende a ficar um pouco mais difícil na velhice.
O diagnóstico costuma ser feito depois dos 40 ou 50 anos, e com o passar do tempo ocorre uma piora na produção de insulina dos pacientes do tipo 2, causada, em geral, por uma resistência insulínica: o corpo produz o hormônio, mas ele não age direito.
— É comum que o diabetes comece a piorar, mesmo que o paciente se cuide. Claro que, se ele tem boa alimentação, faz exercícios e toma a medicação, essa taxa de piora tende a ser menor. Mas se o paciente já tem dificuldade de controle, pode ser pior — alerta Taíse.
A idade e o estado de saúde são avaliados para definir o tratamento, observa o endocrinologista Rodrigo Lamounier, diretor do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O foco é na funcionalidade do paciente.
— Se é um idoso forte e ativo, ele terá tratamento semelhante ao de um adulto. Para um idoso mais frágil, com muitas limitações, adaptamos o tratamento propondo metas de glicose não tão rigorosas, já que ele está mais suscetível a problemas — diz Lamounier.
Os principais cuidados estão relacionados à alimentação, atividade física e medicação. Confira algumas dicas a seguir.
Alimentação
- Evite o excesso de carboidratos (pães, bolachas, bolos).
- É fundamental ingerir proteínas, presentes em carnes e ovos. A deficiência proteica pode contribuir para a perda de massa muscular.
- Converse com seu médico sobre a necessidade e a adequação de fazer uma suplementação proteica.
Atividade física
- É preciso força de vontade, determinação e disciplina para manter uma rotina regular de atividade física. Há uma tendência natural ao sedentarismo na terceira idade.
- Manter-se ativo ajuda no controle de todas as doenças crônicas. Para o diabetes, a prática consistente é fundamental.
- Os exercícios de força (musculação, treinamento funcional) são os mais importantes para o público a partir de 60 anos. A sensibilidade à insulina está muito ligada à massa muscular, explica o endocrinologista Rodrigo Lamounier, e a perda de massa muscular piora o controle da glicose.
- A musculação é importantíssima, mas lembre-se de que toda e qualquer atividade física se mostra benéfica para o controle do diabetes.
- A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a população adulta é de um mínimo de 150 minutos semanais de atividade de intensidade moderada ou 75 minutos de atividade intensa. O tempo total sugerido pode ser dividido em mais de uma sessão.
Medicamentos
- Com frequência, o idoso toma diversos medicamentos, e é fundamental se organizar para não se esquecer de nenhum. O médico de referência pode prestar uma ajuda importante para essa organização. Um familiar também pode contribuir para que nenhum item seja esquecido.
- Analise qual método funciona melhor para você. Se for preciso, ajuste o despertador para não passar do horário. O ideal é que os remédios do diabetes sejam tomados, se não sempre no mesmo horário, pelo menos sempre no mesmo turno. Segundo a endocrinologista Taíse Rosa de Carvalho, uma variação muito grande impacta no controle da glicose.
O que é diabetes
Doença causada pela produção insuficiente ou pela má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e fornece energia para o organismo.
O aumento do nível de açúcar na corrente sanguínea pode levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode matar.
Tipos de diabetes
Tipo 1
Aparece geralmente na infância ou na adolescência, mas pode ser diagnosticado também em adultos. O pâncreas sofre um ataque do próprio sistema imunológico da pessoa: os anticorpos se voltam contra o órgão, passando a atacá-lo, e ocorre a perda da capacidade de produzir insulina.
É uma doença aguda, mais perceptível. Em geral, o paciente emagrece sem motivo, sente fraqueza, passa a urinar diversas vezes ao dia e tem muita fome e sede. Corresponde a cerca de 5% a 10% do total de diabéticos no país.
O tratamento inclui uso diário de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose.
Tipo 2
Costuma ser diagnosticado após os 40 anos, mas pode aparecer antes. Ocorre quando o corpo não aproveita de forma adequada a insulina produzida pelo pâncreas. Cerca de 90% dos diabéticos no Brasil têm o tipo 2.
Antes, há o estágio chamado de pré-diabetes, quando a glicose já está alterada. Ao contrário do tipo 1, aparece silenciosamente.
Tem relação com sobrepeso, obesidade, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão, hábitos alimentares inadequados e envelhecimento.
O indivíduo que engorda muito exige mais do pâncreas. A gordura aumentada na região da barriga produz substâncias que atrapalham a ação da insulina. Muitas vezes, o peso não é tão elevado, mas o indivíduo tem barriga. O excesso de peso atestado pelo índice de massa corporal (IMC) é importante, mas, às vezes, pessoas com IMC normal e muita gordura na barriga têm risco aumentado para o diabetes.