Durante algum tempo, a palavra volante era ouvida como se fosse uma blasfêmia. Esta função era, absurdamente, amaldiçoada. Mesmo que autoridades esportivas como Tostão tenha proclamado que o volante era a principal posição em um time de futebol.
Com o passar do tempo, a ojeriza ideológica foi passando e passou-se a admitir a escalação de até dois volantes. Nenhuma extravagância, apenas a compreensão ampliada de que bem se defender era o primeiro passo para vencer.
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Quando pensei que o uso de dois volantes seria a concessão máxima, eis que começam a se formar equipes com três volantes. E agora, já estão jogando com quatro volantes, como aconteceu recentemente no Grêmio. É a nova moda. Mais volantes do que menos atacantes.
O diabo é que o advento dos volantes começou a render bons resultados e os inimigos desta função tiveram que encontrar uma justificativa para a própria incoerência. Como são imensamente criativos, encontraram uma: é possível jogar com dois ou três volantes se estes forem jogadores qualificados.
Ora, jamais alguém defendeu que volantes poderiam prescindir de qualidade técnica. Aliás, quanto mais qualificados forem os jogadores de qualquer setor, melhor funcionará o time. Uma obviedade que foi buscada como se fosse um grande achado.
Meio oco
Só existiu um time que dispensava os especialistas: a seleção holandesa, que encheu o mundo de perplexidade, mas perdeu a Copa do Mundo de 1974 para a Alemanha. Hoje, querem que os times tenham zagueiros, muitos volantes e bom número de atacantes. E o meio-campo?
Ida e volta
Os novos conceitos pregam que os volantes devem ser versáteis, subir para o apoio e os atacantes precisam reunir virtudes de abnegação. Devem atacar e recompor, isto é, voltar para auxiliar na marcação. É uma máquina de fazer doido!
Se um treinador, considerado do tipo conservador, escalar dois volantes, três meias e um atacante ou, ainda mais conservador, dois volantes, dois meias e dois atacantes obterá o mesmo resultado de outro treinador que prefira escalar três volantes e três atacantes, que é assim que muitos times estão sendo formados: 4-3-3. Entre os dois sistemas, uma diferença: o de estilo conservador exige muito menos sacrifício que o visto como “contemporâneo”. Mas, certamente, tem muito menos charme anunciar times como se fazia a 30 anos do que tentar impressionar o torcedor com definições conceituais que são, apenas, mais do mesmo.
Linguagem
Estamos sendo atropelados por maneiras novas de falar em coisas antigas. O patrono da nova ciência é Roger Machado. O treinador do Grêmio, na sua ânsia de inovar, proclama que não joga com volantes mas, simplesmente, com médios apoiadores. É demais!
*ZHESPORTES