A jornalista Juliana Bublitz colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço
Com abertura marcada para amanhã, o novo trecho da orla do Guaíba, em Porto Alegre, terá mais a oferecer do que a maior pista de skate da América Latina e as 29 quadras esportivas rodeadas de pracinhas, bares, vestiários e pistas para ciclistas e pedestres. O espaço de 1,6 hectare recebeu 7,7 mil mudas de espécies autóctones, nativas da região, com a promessa de recuperar o ambiente local.
Entre elas, estão exemplares que, com o passar do tempo, se tornaram raros na urbe. O plantio, é claro, é uma compensação ambiental pelo impacto da obra, uma obrigação legal, mas o resultado vai além disso.
— Naquele trecho, as manchas de mata ciliar continham muitas espécies exóticas e invasoras. Agora, teremos outra realidade ali — resume a engenheira agrônoma Gabriela Azevedo Moura, que atua na Coordenação de Arborização Urbana da prefeitura e acompanha o projeto de paisagismo desde o começo.
O município entrou com 940 plantas, 430 delas produzidas no próprio viveiro municipal. São figueiras, guabirobas, guabijus e camboatás, entre outras tantas. A maioria está próxima das margens do Guaíba.
Responsável pela construção do Trecho 3, o consórcio ACA/RGS plantou, segundo balanço da prefeitura, outras 430 árvores naturais da região, 164 jerivás (palmeiras nativas, que você verá em destaque junto às quadras) e 6,2 mil arbustos típicos da paisagem original da Capital.
— Desde o início, entendíamos que a compensação deveria envolver espécies nativas e que precisava ser feita no próprio local. Estamos satisfeitos — diz Verônica Riffel, chefe da Coordenação de Arborização Urbana.
A ideia convergiu com o projeto paisagístico do paranaense Carlos Oliveira Perna, o Ucho. Agora, o desafio é assegurar o desenvolvimento rápido das mudas - um importante e necessário contraponto ao concreto - e torcer para que os frequentadores ajudem a cuidar desse patrimônio.
Da corticeira ao cocão
A lista de mudas plantadas no Trecho 3 da orla tem um pouco de tudo. Um dos destaques é a corticeira do banhado, que dá flores vermelhas belíssimas, como na foto ao lado, captada no Parque Marinha do Brasil.
Entre os demais exemplares, estão árvores como o branquilho, o capororocão, o tarumã preto e o cocão, além de araçás, pitangas do mato, leiteiros, paus-gambá, figueiras da folha miúda, murtas, guabirobas, timbaúvas, grápias, e guamirins. São mais de 40 espécies arbóreas.