Com a indicação de Leonardo Pascoal (PL) para a Secretaria Municipal de Educação (Smed), o prefeito Sebastião Melo (MDB) dá uma série de sinais sobre o seu segundo mandato. O primeiro é que o PL, partido da vice Betina Worm, terá muita força e que o deputado Luciano Zucco será um conselheiro de peso. O segundo é que a política, e não a técnica, orientará a formação do secretariado. O terceiro é que a Smed, fonte das maiores dores de cabeça no primeiro mandato, sairá do domínio do MDB, partido de alguns dos protagonistas da investigação sobre corrupção na pasta.
Para o bem ou para o mal, Melo inova ao escolher um jovem prefeito sem formação em pedagogia. Pascoal é economista. Sua principal credencial para o cargo é ter conseguido, nos oito anos de mandato, zerar a fila por vagas nas creches e melhorar o Índice de Desenvolvimento das Educação Básica (Ideb) nas escolas de Esteio, o que não é pouca coisa.
Como mostra a reportagem dos colegas Paulo Egídio e Carlos Rollsing, na gestão de Pascoal, a cidade atingiu seu melhor desempenho no Ideb, com nota 6,0 nos anos iniciais do Ensino Fundamental e 5,2 nos anos finais. Pode parecer pouco, considerando-se que a escala vai de zero a 10, mas Porto Alegre tem 4,9 nos anos iniciais e 4,1 nos finais. E a evolução foi contínua.
Pascoal terá de lidar com a resistência dos professores à escolha de um político para o cargo. Melo teve quatro secretários no primeiro mandato. As duas primeiras eram pedagogas. Janaína Audino, que vinha do setor privado, saiu menos de um ano depois de assumir, por razões que nunca ficaram muito claras, mas teria pesado a resistência em aceitar interferências externas nas compras de equipamentos. Sônia da Rosa era pedagoga, tinha experiência no setor público, mas acabou afastada e presa na Operação Capa Dura. O terceiro secretário, José Paulo da Rosa, era doutor em Educação e tinha 20 anos de experiência no Senac. Estava indo bem, mas recebeu um convite para ser reitor da Feevale e pediu para sair. Por fim, assumiu Maurício Gomes da Cunha, advogado e ex-presidente da Carris, indicado pela capacidade de gestão.
Pascoal terá de ser resiliente. A Smed está machucada pelo escândalo de corrupção. Os professores querem ser ouvidos e valorizados. Na campanha, os diretores foram acusados pelo prefeito de boicote. O pacto prometido por Melo para melhorar a educação exigirá de Pascoal competência política, mas será essencial ter a seu lado alguém que entenda de pedagogia.