Na tarde ensolarada do domingo de primavera, com a temperatura beirando os 28º C, o governador Eduardo Leite abriu um espumante 130, clássico da Vinícola Valduga, e serviu o pequeno grupo de convidados no lado de dentro do estande do Rio Grande do Sul na Vinitaly, maior feira de vinhos da Itália e uma das maiores do mundo. Ao cortar a fita verde, Leite avisou que seu governo continuará dando apoio ao setor, ajudando a mostrar para o mundo que o Estado tem uma indústria vitivinícola pujante, herança dos imigrantes italianos que chegaram no século 19. A seu lado, com um sorriso de orelha a orelha, o presidente do Grupo Valduga, João Valduga, brincou, referindo-se ao momento garçom do governador:
— Nós trabalhamos pelo Estado. Agora chegou a sua vez de trabalhar para nós.
Nove vinícolas estão mostrando seus produtos no estande bancado pelo governo do Estado, em uma ação das secretarias de Turismo, Agricultura e Desenvolvimento Econômico. Entre elas a Miolo, que mostra produtos das diferentes regiões em que produz (Serra, Campanha e Vale do São Francisco) e a Don Giovanni, que trouxe para a Vinitaly seus espumantes produzidos em Pinto Bandeira, região que conquistou a denominação de origem, um selo que atesta a adequação da terra para a produção de uvas usadas na fabricação desse tipo de vinho. Outras exibem seus produtos no estande do Brasil, ao lado, em uma parceira do Consevitis com a Apex. Do lado de fora dos dois estandes, compradores e turistas puderam degustar os produtos gaúchos que buscam competir no mercado global de vinhos.
Made in Italy
Assim como a Fiergs criou o seu Produto RS, para valorizar a qualidade do que se produz no Rio Grande do Sul, o governo italiano tem o Made in Italy. Com um detalhe: o ministro Adolfo Urso, um dos quatro presentes na abertura da Vinitaly, é titular do Ministério da Empresa e do Made in Italy.
Preocupação mundial
A crise entre Israel e Irã é uma preocupação em toda a Europa, principal destaque no noticiário deste domingo. Na abertura da Vinitaly não foi diferente: ao discursar, o presidente da Câmara do Deputados italiana, Francesco Lollobrigida, falou da "noite difícil" e fez um apelo à responsabilidade dos governantes, "para que o mundo possa viver em paz".
Questão de gênero
Enquanto o Brasil se envolve num debate inútil sobre o uso da linguagem neutra, como "todes" ou "amigues", na Itália a primeira ministra Georgia Melloni é chamada de "primeiro-ministro", assim como todas as ministras são "ministro donna Fulana", mulheres deputadas são chamadas de deputados e as advogadas de advogados. Quem explicou esse detalhe aos integrantes da comitiva do governo foi o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, apelidado de "doutor tradutor". É que ele fez doutorado na Itália e atua como tradutor informal do governador, que não fala italiano.
Inteligência natural
Em um dos pavilhões da Vinitaly, o governo do Vêneto faz propaganda da região exibindo outdoors nas paredes com fotos de pessoas de diferentes biotipos e a inscrição "Veneto, intelligenza naturale". Nada contra a inteligência artificial, já que se trata de uma região conhecida pela inovação. A campanha é de valorização das pessoas mesmo.
Faltou uma
Apesar de extensa, a comitiva do governador Eduardo Leite na Itália e na Alemanha tem uma ausência difícil de explicar: a da secretária da Cultura, Beatriz Araujo.
Se entre os temas centrais da viagem estão as comemorações do bicentenário da imigração alemã e do sesquicentenário da italiana, a pasta da Cultura deveria estar representada. Estão na Itália representantes da Casa Civil, Comunicação, Procuradoria-geral do Estado, Turismo, Agricultura e Desenvolvimento Econômico.