Desde o início de dezembro, não se ouvia falar dos três As (aviso, alerta e ação) que substituíram o sistema de bandeiras (amarela, vermelha e preta) do modelo de distanciamento controlado. Não se ouvia porque a situação do Rio Grande do Sul caminhava para a normalidade, com redução no número de casos, internações e mortes por coronavírus. A luz amarela se acendeu às vésperas do Natal, com o aumento dos casos, que dispararam nos últimos 10 dias.
Na correspondência encaminhada aos prefeitos, em que anuncia a emissão de avisos de risco para todas as 21 regiões covid, o comitê de crise estadual alerta que "vem acontecendo mundo e no Brasil uma onda simultânea de casos de covid, gripe e gastroenterite, fazendo com que haja possibilidade de coinfecção e aumento do fluxo de pessoas necessitando a rede de saúde".
No caso do Rio Grande do Sul, os dados recentes da Secretaria da Saúde mostram um aumento preocupante dos casos confirmados, que saltaram de uma média diária de 5,7 para 75,9 (a cada 1 milhão de habitantes) no período de 21 de dezembro a 3 de janeiro.
Embora o Estado não tenha, no momento, problemas de falta de vagas hospitalares, o aviso foi emitido como precaução, para que os municípios retomem as campanhas de respeito às medidas não farmacológicas, como distanciamento, higienização das mãos e uso de máscara.
Apesar de a variante Ômicron não causar tantos problemas como suas antecessoras, que mataram mais de 600 mil pessoas no Brasil, a recomendação dos especialistas é que não se baixe a guarda. O médico Alexandre Bublitz, professor de Medicina da Unisinos, mestrando em Saúde Coletiva pela UFRGS e pediatra da prefeitura de Porto Alegre, alerta:
— Mesmo que a variante ômicron seja menos letal, isso não significa que vai morrer menos gente, porque ela contamina mais do que as outras. Se tivermos uma variante com metade da letalidade, mas o dobro de casos, acabaremos tendo o mesmo número de mortes.
Outra preocupação de Bublitz é com a sobrecarga do sistema de saúde. Se aumentar a procura pelo atendimento por pacientes com síndrome respiratória ou suspeita de covid, podem faltar profissionais para atender pessoas com infarto, AVC, diabetes, câncer e outras moléstias.
Na noite de segunda-feira (3), longas filas foram registradas na UPA Moacyr Scliar. A Secretaria Municipal da Saúde minimizou o problema, atribuindo o aumento da procura ao pós-feriado. Informou que todos os postos de atendimento apresentaram movimento acima do normal na segunda-feira, alguns pacientes com sintoma gripal, outros por diferentes motivos.
Na UPA Bom Jesus, havia na segunda-feira 231 pacientes à espera de atendimento e apenas três médicos para atender, internar pacientes e cuidar de eventuais paradas cardíacas. Um médico relatou que os profissionais estão cansados e esgotados.
Para complicar a situação, ao longo do dia começaram a faltar testes e os médicos que trabalham em postos de saúde foram informados de que a partir desta segunda a prefeitura de Porto Alegre não fará mais o teste do tipo RT-PCR, que fornece um diagnóstico preciso, mas o de antígeno, que com pode dar falso negativo.
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.