Nos velhos manuais de marketing eleitoral, os sábios ensinavam que não se deve citar o nome do adversário, pelo risco de dar vitrine ao concorrente.
Na eleição em Porto Alegre, essa regra foi subvertida. Agora, a moda é citar os adversários — muitas vezes distorcendo as pesquisas — para assustar os eleitores com o risco de vitória da candidata Manuela D’Ávila.
Até o prefeito Nelson Marchezan (PSDB), que evitava citar os adversários, incluiu Manuela na propaganda.
Na tortura dos números para que confessem o que a pesquisa não diz, as principais campanhas distorcem os dados. Alguns exemplos:
- Sebastião Melo (MDB) diz que é o único capaz de vencer Manuela no segundo turno. É falso. Na simulação de segundo turno do Ibope, ele perde para Manuela por três pontos. Como a margem de erro é de três pontos, significa que os dois estão tecnicamente empatados.
- José Fortunati (PTB) diz que é o “único capaz de vencer Manuela”. Em um dos panfletos de campanha está escrito que quem votar em Marchezan e Melo está ajudando a eleger Manuela. É falso. Fortunati é o que está mais próximo, mas a situação é de empate técnico (ela tem 41% e ele, 40%).
- Juliana Brizola (PDT) diz que as pesquisas induzem a achar que só existem dois caminhos. E que Manuela perde para todos no segundo turno. Falso. Manuela está à frente de todos, mas tecnicamente empatada com Melo e Fortunati.
- Manuela diz que, segundo as pesquisas, ganha do atual prefeito, do ex-prefeito e do ex-vice-prefeito. No primeiro turno, ela está à frente de todos, com 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, mas no segundo turno não é bem assim. No confronto direto, Manuela aparece bem à frente de Nelson Marchezan (45% a 37%), mas tecnicamente empatada no segundo turno com Melo (43% a 40%) e com Fortunati (41% a 40%).