O governador Eduardo Leite disse nesta sexta-feira (24) que há "má intenção" ou "desconhecimento" por parte da presidente da Federasul, Simone Leite, no entendimento sobre a proposta de reforma tributária estadual. A afirmação foi feita pelo governador ao responder uma pergunta enviada pela dirigente empresarial durante um seminário promovido pela Assembleia Legislativa.
No questionamento enviado por escrito, Simone afirmou que o governo está propondo "aumento da carga tributária" e perguntou ao governador como o Rio Grande do Sul vai melhorar a competitividade em relação a outros Estados do Sul.
Ao responder, Leite disse que o assunto da reforma tributária é "complexo" e que "nem todos conseguem compreender".
— Eu confesso que tinha expectativa de que a Simone Leite, a presidente da Federasul, tivesse uma capacidade melhor de entendimento da reforma. Porque essa fala de aumento da carga tributária sugere dois caminhos: ou a má intenção, de distorcer o que está acontecendo na reforma - e eu espero que não haja má intenção da presidente da Federasul - ou ao desconhecimento ou alguma capacidade de incompreensão, que talvez revele alguma incapacidade nossa de traduzir para ela essa reforma.
Em seguida, o governador disse que a proposta pressupõe uma reorganização da distribuição dos custos entre os setores econômicos e que nunca haverá uma reforma em que todos os impostos sejam reduzidos. Leite fez um comparativo do projeto local com uma das propostas de reforma nacional, que pressupõe a unificação de cinco tributos, com uma alíquota única.
— Uma reforma tributária significará redução em alguma parte e aumente de imposto na outra. Mas isso não significa aumento de carga tributária. É isso que não é compreendido pela presidente da Federasul aqui. Porque a carga tributária é o custo total dos impostos sobre o PIB e não há aumento de carga tributária na proposta que estamos apresentando para a sociedade gaúcha — complementou o governador.
Na resposta, Eduardo Leite ainda frisou que a proposta de reforma estadual pretende reduzir impostos de consumo, beneficiando setores como o varejo, que é representado pela Federasul. Disse que haverá um colapso na receita caso o Estado perca cerca de R$ 3 bilhões em arrecadação a partir do próximo ano, dos quais R$850 milhões vão para os municípios (o que ocorrerá automaticamente caso a reforma não seja aprovada), e lembrou que Simone é pré-candidata a prefeita de Canoas neste ano.
— Só Canoas vai ter uma perda de R$ 54 milhões de arrecadação, que vai comprometer a capacidade de sustentação de serviços básicos pra a população daquela cidade.
O episódio ocorreu durante o Seminário de Competitividade promovido pela Assembleia, mediado pelo jornalista André Machado.
À coluna, Simone Leite se referiu às declarações do governador como "insinuações pejorativas" sobre sua capacidade de entendimento e disse que pretende fazer um debate no campo das ideias.
— Não há matemática criativa que convença um trabalhador que vai pagar mais pelo seu café da manhã ou pelo sustento da sua família, ou mesmo um pequeno empresário que irá pagar quase o dobro de IPVA que se paga em Santa Catarina, que não houve aumento da carga tributária — declarou a dirigente empresarial.
Simone disse que seguirá "firme" defendendo o que acredita e a classe produtiva gaúcha:
— Como mulher, passei por isso dezenas de vezes até chegar onde eu estou. Não foi a primeira e não será a última, infelizmente.
Veja a resposta de Leite no vídeo abaixo (a partir das 2h20min)
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GaúchaZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.