Com nove regiões em bandeira vermelha no mapa preliminar divulgado ao final desta sexta-feira (26), sendo quatro pela segunda semana consecutiva, os prefeitos das áreas mais críticas terão de se mobilizar para evitar o colapso no sistema hospitalar nos primeiros dias de julho. No ritmo de crescimento das internações na Região Metropolitana e Litoral Norte, é real o risco de se chegar à bandeira preta nas próximas semanas.
São 7,5 milhões de gaúchos nos municípios classificados como de alto risco para a covid-19, o que significa dois terços da população. Das maiores cidades do Estado, apenas Santa Maria, Pelotas e Rio Grande estão na bandeira laranja. Nas regiões de bandeira vermelha, municípios que não registraram óbitos nem internações por covid-19 nos últimos 14 dias podem abrandar as restrições.
Coordenadora do comitê de dados, a ex-secretária de Planejamento, Leany Lemos, alerta:
_ O modelo de distanciamento mostra o momento de fechar para evitar que os casos disparem. Ficou vermelho, tem de fazer o isolamento, porque é a única forma de achatar a curva. Se isso não for feito, vai ficar preto. E tudo o que nós queremos é evitar o lockdown.
Leany diz que as próximas duas semanas serão fundamentais para reduzir a velocidade do crescimento dos casos:
— A melhor forma de evitar o lockdown é fazer a contenção agora. Não é hora de visita, churrasco, festinha. Nem de o comércio brigar para abrir, porque tudo o que precisamos é evitar aglomerações.
A ex-secretária cita o exemplo de Lajeado, que esteve em bandeira vermelha, adotou restrições e conseguiu se estabilizar na bandeira laranja, e de Bagé, que teve um surto inicial, mas conseguiu fazer a contenção e hoje a região é uma das duas com bandeira amarela.
Na Serra e em Passo Fundo, os técnicos do governo constataram que números vinham piorando desde a semana anterior. O prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo. Diz que nas pequenas e médias cidades “ninguém aguenta a pressão”:
— As pessoas querem e precisam trabalhar! E não há uma comunicação uniforme. Toda hora muda a orientação, muda o dia, muda o critério. As pessoas relaxam.
É esse relaxamento que o prefeito Nelson Marchezan vem tentando combater com medidas restritivas, criticadas por empresários do comércio, da indústria e dos serviços.
— Nosso guia são os leitos e o crescimento da demanda por eles. Isso se mantém. Portanto, não há previsão de nenhum relaxamento significativo —diz Marchezan.
Pelo modelo do governo do Estado, a Região Metropolitana fechará pelo menos três semanas sob bandeira vermelha, mesmo com a oferta de novas vagas de UTI, prevista para os próximos dias. Um afrouxamento só ocorrerá na segunda quinzena de julho, se a velocidade da ocupação de leitos diminuir.
O Presidente da Famurs, Eduardo Freire, não se surpreendeu com a ampliação do número de cidades com bandeira vermelha:
— Conversando com prefeitos, notava que todos estavam registrando aumento significativo de internações nos últimos 10 dias.
Seu município, Palmeira das Missões, é a sede de uma região que chegou a ser classificada como de alto risco, mas na revisão dos dados voltou para a laranja. Agora está vermelha outra vez.
Aliás
As regiões com sede em Caxias do Sul e Santo Ângelo, que conseguiram passar da bandeira vermelha para a laranja na revisão de segunda-feira, tiveram um alto no número de internações. Sinal de que afrouxaram os controles e o número de casos disparou. Agora terão de enfrentar restrições para conter o avanço do coronavírus.