Com o anúncio do secretário de Obras, Gerson Burmann, de que deixará o cargo até o final do mês, antecipando-se à saída do PDT do governo, está aberta a temporada de reestruturação do primeiro escalão de José Ivo Sartori. O primeiro movimento foi a criação de uma coordenação de governo, integrada pelos secretários Carlos Búrigo, Cezar Schirmer e Cléber Benvegnú. O trio tem como primeira missão pacificar internamente o governo, que apresenta sinais inequívocos de desagregação.
O PDT marcou para 10 de abril a reunião do diretório estadual que deverá sacramentar o afastamento do governo. O deputado Eduardo Loureiro reconhece que a tendência é de o partido selar o divórcio nesse dia.
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Burmann disse ao governador que resolveu sair antes para reassumir seu mandato na Assembleia Legislativa. No almoço em que anunciou a decisão, expressou lealdade a Sartori e adiantou que não vai mudar de lado. A afirmação foi interpretada no Piratini como um indício de que Sartori poderá contar com seu voto na apreciação de projetos de interesse do Estado, mas isso não significa muito. Se o PDT fechar questão contra projetos como o que acaba com a exigência de plebiscito para a privatização da CEEE, da Sulgás e da CRM, o deputado terá de seguir a orientação do partido.
O desejo de Sartori é atrair o PTB para o governo, mas seus conselheiros sabem que será muito difícil o partido aceitar cargos agora, em um momento de crise, depois de dois anos e três meses de independência.
O PTB está preocupado com a sobrevivência de seus deputados em 2018. Aderir a um governo desgastado é considerado mau negócio pelos deputados do PTB. O
plano B do Piratini é manter a estratégia adotada nos últimos dois anos, de conquistar apoio pontual para projetos mais relevantes. Embora o PTB não tenha candidato ao Piratini, o partido vem sendo cortejado pelo PSDB para integrar uma aliança em torno do ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite.
Às vésperas de perder o PDT, o Palácio Piratini terá de trabalhar duro para reconquistar o PSB, sob pena de ficar ainda mais isolado na Assembleia.
A rejeição à indicação de Fabiano Pereira para a Secretaria da Justiça e Direitos Humanos, que incorporou o Trabalho e a Assistência Social, desgastou a relação.
Fabiano ainda poderá ser nomeado, mas para outra pasta. Pesa contra ele o fato de ter sido filiado ao PT e de já ter ocupado a pasta da Justiça no governo de Tarso Genro.
Embora Sartori não se abra nem com os aliados mais próximos, é possível que, no início de abril, o governo faça uma reforma mais ampla do secretariado. Não está descartada a saída de Márcio Biolchi da Casa Civil e sua substituição por Schirmer. Internamente, o vice-governador José Paulo Cairoli vem defendendo a ida de Giovani Feltes para a Segurança Pública e de Carlos Búrigo para a Fazenda. Nessa configuração, Fábio Branco assumiria a Secretaria-Geral de Governo, que incorporou o Planejamento.