Pelo tom dos discursos na convenção do PMDB, realizada sábado, o governador José Ivo Sartori é candidatíssimo a disputar o segundo mandato, mesmo que diga o contrário. O movimento aberto do PMDB coincide com avaliações de integrantes do governo de que Sartori não é carta fora de barulho.
Se a eleição fosse hoje, a chance de Sartori ser reeleito seria mínima. Essa conclusão se sustenta não apenas na tradição do Rio Grande do Sul de não reeleger governadores, mas em pesquisas que indicam a baixa popularidade do governo. A socióloga Elis Radmann, do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), cita a "teoria do voto econômico" para explicar o cenário desfavorável para Sartori:
– Quando o governo vai mal, o eleitor quer mudar. E a tendência de mudança nunca foi tão forte como agora. As pesquisas dizem que o eleitor procura um político "de atitude".
Quando questionados sobre os motivos de não reeleger alguém, os eleitores costumam usar a expressão "porque ele não entrega". Por essa lógica, a pergunta é: o que Sartori "entregou" para merecer uma segunda chance? Os peemedebistas reconhecem que Sartori entregou pouco, porque herdou um Estado falido, mas acreditam que a adesão ao plano de recuperação fiscal permitirá entrar em 2018 com dinheiro novo e "colher os frutos plantados com as medidas amargas aprovadas na Assembleia até agora".
Outra possibilidade de um governador mal avaliado se reeleger é não ter adversários competitivos. Sartori deverá ter pelo menos três: o tucano Eduardo Leite, ex-prefeito de Pelotas, o ex-prefeito Jairo Jorge, de Canoas, que trocou o PT pelo PDT, e o ex-ministro Miguel Rossetto (PT).
Leite elegeu a sucessora, Paula Mascarenhas, e saiu de cena. Foi estudar gestão pública nos Estados Unidos. O PSDB conversa com PP e PTB para fechar uma aliança. Jairo aparece em terceiro lugar em uma pesquisa recente do IPO em que os eleitores foram instados a citar um político "de atitude". Os dois primeiros são Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
O PT deverá ficar mesmo com Rossetto. Tarso Genro foi sondado pela corrente de Rossetto, a Democracia Socialista, para ser candidato, mas disse que disputar o Piratini está fora de cogitação, por motivos pessoais e políticos.