A apresentação do time escolhido por Henrique Meirelles para comandar a área econômica do governo de Michel Temer, com repercussão positiva dentro e fora do Brasil, compensou, em parte, os desencontros nas declarações de outros integrantes do primeiro escalão. Não foi suficiente, no entanto, para abrandar as críticas à extinção do Ministério da Cultura e a incorporação de suas funções ao Ministério da Educação, sob comando do deputado Mendonça Filho, do DEM de Pernambuco.
Os artistas, que já tinham restrições a Temer, não aceitam o tratamento de segunda classe dado à Cultura. A promessa de nomear uma mulher para a Secretaria Nacional de Cultura, para compensar a falta de mulheres na esplanada, acabou se revelando uma ideia desastrada. Na terça-feira, a atriz Bruna Lombardi se transformou na quinta a recusar o cargo. Antes dela, Claudia Costin, Marília Gabriela, Cláudia Leitão e Eliane Costa disseram não.
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Nos bastidores, circula a informação de que Temer cogita desistir da extinção do Ministério da Cultura, convencido de que a economia com o corte é irrelevante comparada aos problemas que trouxe para o governo. A manifestação do elenco do filme Aquarius, capitaneada pela atriz Sônia Braga, no Festival de Cannes, dizendo que o impeachment foi um golpe, incomodou integrantes do governo, pela repercussão internacional.
A terça foi dia de apagar incêndios. Uma entrevista do ministro da Saúde, Ricardo Barros, à Folha de S.Paulo semeou pânico entre os usuários do SUS e ele teve de explicar que foi mal interpretado. À Rádio Gaúcha, Barros negou ter dito que é preciso diminuir o tamanho do SUS. Disse que houve distorção das suas declarações a respeito da necessidade de rever benefícios previdenciários, para que as despesas caibam dentro da receita. Ao citar a Grécia, acabou transferindo a preocupação para os aposentados, já que naquele país houve redução no valor das aposentadorias já concedidas.
Na segunda-feira, outro ministro falou demais e foi desautorizado por Temer. Alexandre de Moraes sugeriu mudança na forma de indicação do procurador-geral da República, hoje feita a partir de uma lista tríplice.