Houve um tempo em que os políticos do Rio Grande do Sul se vangloriavam de serem melhores e mais éticos do que os de outros estados. O levantamento feito por ZH sobre a posição de deputados e senadores em relação ao impeachment e à cassação de Eduardo Cunha mostra que esse ufanismo perdeu o sentido.
Dos 31 deputados, 13 se declararam indecisos , dois defenderam a cassação e dois não foram localizados. A indecisão em relação ao impeachment (12 deputados e uma senadora) pode ser explicada pela necessidade de estudar o processo, mas o caso de Cunha é mais do que conhecido.
Em um passado nem tão distante, com a fartura de provas apresentadas pelo Ministério Público, é possível que a bancada gaúcha cerrasse fileiras em defesa do afastamento do presidente da Câmara. É difícil imaginar o senador Pedro Simon, o maior líder que o PMDB já teve, se declarando indeciso em relação a um deputado com a folha corrida de Cunha ou apoiando sua permanência na Câmara com o argumento de que, para tirar Dilma do poder, vale tudo. Simon, por certo, não admitiria uma ética tão elástica, nem o argumento de que esconder dinheiro na Suíça é um pecado menor perto do que se roubou na Petrobras.
É legítimo supor que a boa parte dos deputados que se declararam indecisos tenha faltado coragem para assumir o voto contrário à cassação. Estão nessa condição os cinco deputados do PMDB (Alceu Moreira, Darcísio Perondi, José Fogaça, Mauro Pereira e Osmar Terra), dois do PP (Afonso Hamm e José Otávio Germano), os três do PTB (Luiz Carlos Busato, Ronaldo Nogueira e Sérgio Moraes), além de Giovani Cherini (PDT), Carlos Gomes (PRB) e Danrlei (PSD).
Em relação ao impeachment de Dilma, é curioso que das 10 manifestações favoráveis, oito sejam de parlamentares que integram a base do governo: Afonso Hamm (PP), Jerônimo Goergen (PP), Luiz Carlos Heinze (PP), Alceu Moreira (PMDB), Darcísio Perondi (PMDB), Osmar Terra (PMDB), Sérgio Moraes (PTB), e o senador Lasier Martins (PDT).
A posição da bancada petista é óbvia: todos contra o impeachment e a favor da cassação do presidente da Câmara, mesma posição de Afondo Motta (PDT), que vai integrar a comissão encarregada de avaliar se o impedimento é cabível ou não. Registre-se a coerência dos dois mais aguerridos deputados de oposição: Onyx Lorenzoni (DEM) e Nelson Marchezan Jr. (PSDB) se declararam favoráveis à cassação de Cunha e ao impeachment.