
Pela primeira vez na história da Alemanha, um ministério de governo será distribuído igualmente entre homens e mulheres: oito + oito.
Essa era uma promessa de campanha de Olaf Scholz, o chanceler social-democrata que assumiu nesta quarta-feira (8) o poder, encerrando 16 anos de Angela Merkel na chancelaria.
A mulheres recaem ministérios fundamentais, como as Relações Exteriores, que ficou com a líder dos Verdes Annalena Baerbock, a Defesa, com Christine Lambrecht, a Educação e Pesquisa, com Bettina Stark-Watzinger, e o Ambiente e Proteção Ambiental, Segurança Nuclear e Proteção ao Consumidor, com Steffi Lemke.
O importante Ministério do Interior também será liderado pela primeira vez por uma mulher, a também social-democrata Nancy Faeser. Aos 51 anos, a jurista, até esta quarta-feira (8) líder da bancada do Partido Social Democrata (PSD), de Scholz, em Hesse, elegeu como prioridade o combate ao extremismo de direita na Alemanha, que ela considera a maior ameaça à democracia do país.
Annalena concorreu como candidata à chanceler nas eleições passadas, como líder dos Verdes. Na pasta, graças ao excelente resultado que o partido obteve no pleito e à coalizão que os sociais-democratas precisaram formar para governar, ela terá como desafio equilibrar a sensível relação da Alemanha com a Rússia e a China, dois antagonistas dos Estados Unidos - vale lembrar fatos recentes, como a questão da Ucrânia e Belarus, na mira de Putin, e as rusgas americanas com Pequim, que seduz a Europa.
As relações externas têm contato direto com a Defesa, que estará a cargo de Cristine Lambrecht. Ela atuou nos últimos dois anos como ministra da Justiça de Merkel e terá como missão buscar também o equilíbrio entre a manutenção da aliança com os Estados Unidos, o guarda-chuva de interesses da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e o reaparecimento da Rússia no cenário internacional, testando limites nas barbas da Europa, na Ucrânia e Belarus.
Completam a lista Anne Spiegel, Ministério da Família, Svenja Schulze, Cooperação Econômica e Desenvolvimento, e Klara Geywitz, do Trabalho.
Se incluirmos o cargo de chanceler, de Scholz, que também é ministro (o primeiro-ministro) desequilibra: ficam nove homens e oito mulheres. E o agora novo chanceler foi criticado por isso.
Chama atenção o peso dado pelo governo ao tema das mudanças climáticas, com o Ministério da Economia e Clima, que ficará com o vice-chanceler Robert Habeck, dos Verdes.
A idade média do novo chanceler e de seus 16 ministros e ministras é de 50,4 anos - menor do que as médias de todos os inícios de legislatura dos quatro governos anteriores, liderados por Merkel (no mandato mais recente dela, a média era de 51,4 anos).

