Newton já nos dizia que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Mas não é preciso entender de física para deduzir que as derrotas sucessivas que o Estado Islâmico (EI) vem sofrendo no Iraque e na Síria estão empurrando os terroristas para outros locais até então imaculados de guerra.
Em outras palavras, o conflito, que já transbordou para a Turquia, às barbas da Europa, agora chega ao outro extremo geográfico da região. Há relatos da presença de membros do grupo Exército Khalid Ibn al-Walid, que jurou fidelidade ao EI, em vilarejos no sul da Síria, próximo à fronteira com a Jordânia. Desde fevereiro, militantes dominam regiões no deserto, como Al-Shajara, Jamla, Abidin, Nafaa, Ain Thakar, Tasil, Adwan, Jillen e Sahm.
Na ofensiva, surrupiou do exército tanques T-55 e munições de médio alcance. Uma delas, canhão com alcance de 30 quilômetros. Ou seja, a partir da fronteira, esses terroristas começam a construir seu poder de fogo para atacar cidades jordanianas, como Ramtha e Irbid, essa última com 1 milhão de habitantes, a segunda maior do país, atrás apenas da capital, Amã.
O Exército Khalid Ibn al-Walid é composto por cerca de 1,5 mil combatentes, dos quais 300 são chamados Sharia qadis (os juízes em um tribunal regulado pela sharia, a lei islâmica). Abu Muhammad al-Maqdisi, um jordaniano, lidera o grupo, que recruta civis nos vilarejos sob seu controle, oferecendo-lhes dinheiro e formação na jihad.
Uma fonte do governo da Jordânia disse ao site Al-Monitor que o país se defenderia de um ataque do EI: "Qualquer um que chegue perto vai morrer. Temos os melhores sistemas de proteção de fronteira do mundo". A implantação de um emirado terrorista na fronteira tem potencial para sugar Israel para o conflito: a Jordânia é o país árabe mais estável da região e o único na área com relações diplomáticas com os israelenses.
Uma nova Pobre nação
A guerra na Síria, com 320 mil mortos, completou, nesta quarta-feira, seis anos. No aniversário sombrio, houve dois atentados em menos de
48 horas em Damasco. O país comandado pelo ditador Bashar al-Assad, infestado por extremistas – entre os quais o Estado Islâmico é apenas mais um grupo radical – e com uma população subjugada por todos os lados é a “pobre nação” do século 21.
O termo é título de um grande livro do jornalista Robert Fisk sobre o Líbano, lançado em 1990.
No tempo do czar
Centro independente de cultura russa, com sede no Reino Unido, a Pushkin House criou um projeto digital interessante: reconta os fatos da Revolução Bolchevique, que está completando cem anos, a partir de seus personagens, como se fosse em tempo real. Com exceção da plataforma – que é fictícia –, o restante é verdadeiro. Os "posts", entre eles do czar Nicolau II e de Vladimir Lenin, são baseados em pesquisas, e trechos foram retirados de livros, cartas, jornais e discursos.
A brincadeira, em inglês ou russo, traz até a temperatura da época – no dia 15 de março de 2017, em Petrogrado (atual São Petersburgo), fazia 14ºC negativos.