Realizou-se aqui em Xangai o 1º Encontro Anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD). O nosso banco está completando apenas um ano, mas tem resultados significativos a apresentar. As principais políticas do NBD foram aprovadas pela diretoria – as políticas de empréstimo, as de tesouraria e administração de riscos, as salvaguardas ambientais e sociais, as políticas de recursos humanos e recrutamento, entre outras.
As primeiras parcelas do capital do NBD já foram pagas pelos países fundadores – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Rússia e China resolveram, inclusive, antecipar o pagamento da segunda parcela do capital relativamente ao que está estabelecido no Convênio Constitutivo, uma demonstração adicional de apoio ao banco.
Vamos começar agora um processo gradual de ampliação do número de países membros, buscando transformar o NBD aos poucos em um banco global, que inclua nações de todas as regiões do mundo – países desenvolvidos, países de renda média e também países mais pobres.
Avançou também a discussão com o Conselho de Governadores sobre a estratégia geral do banco. Definiu-se que, nos próximos cinco anos, o NBD buscará focar sua atuação na área de infraestrutura sustentável – entendida como infraestrutura que incorpora critérios ambientais e sociais. Isso significa apoiar projetos em áreas como energia renovável (solar, eólica, hidrelétrica), administração sustentável da água, tratamento de esgotos, transporte limpo e eficiência energética.
O NBD apoiará também a infraestrutura tradicional, mas procurará trabalhar preponderantemente com infraestrutura sustentável. Os cinco primeiros projetos foram todos em energia renovável – os quatro primeiros aprovados em abril, assim como o projeto aprovado pela diretoria que se destina a financiar duas pequenas hidrelétricas e uma pequena represa no noroeste da Rússia.
O NBD também será verde pelo lado do funding. Pretendemos explorar ativamente o mercado de bônus verdes, isto é, bônus destinados exclusivamente a gerar recursos para projetos que preservam ou recuperam o meio ambiente. O nosso primeiro bônus, emitido segunda-feira aqui na China, é um bônus verde de cinco anos, denominado em yuan, no valor de 3 bilhões, o equivalente a cerca de US$ 450 milhões. O bônus foi oversubscribed (subscrito em excesso) três vezes, e o cupom ficou em 3,07%, apenas ligeiramente maior do que a taxa de juro paga pelo Banco de Desenvolvimento da China.
O mercado de bônus verdes está em rápida expansão desde 2013. Ao focar suas atividades na área de infraestrutura sustentável, o NBD estará favorecendo o seu acesso a esse mercado dinâmico, assim como a fundos relacionados a meio ambiente.
O NBD, como indica o seu nome, é uma instituição que pretende ser nova – e não apenas mais um banco multilateral de desenvolvimento. A sustentabilidade está em nosso DNA. Somos um dos poucos bancos multilaterais de desenvolvimento, talvez o único, que têm a sustentabilidade como objetivo central inscrito no próprio Convênio Constitutivo da instituição. Isso nos liga com o futuro com as novas gerações.
Estamos apenas começando, mas a nossa pretensão é mostrar que um banco multilateral constituído exclusivamente por países em desenvolvimento, sem a participação de países desenvolvidos na fase inicial, poderá contribuir de forma inovadora para um processo de desenvolvimento econômico com inclusão social e preservação do meio ambiente.