É preocupante. O cenário que vimos há pouco, no início de abril, com drive-thrus movimentados, filas em farmácias, metas batidas – superadas, inclusive – mudou completamente. A segunda fase da campanha de vacinação contra a gripe em Porto Alegre, iniciada há quase um mês, é um fiasco de adesão.
A imunização dos doentes crônicos – pessoas com diabetes, asma, bronquite e hipertensão, por exemplo –, que representam o maior público-alvo desta etapa, ainda não chegou à metade da meta. De 173 mil pessoas, apenas 71,4 mil (cerca de 40%) se vacinaram até agora. Bem diferente do percentual dos idosos, na primeira fase, que alcançou o objetivo previsto em duas semanas – e acabou nos 115% de participação.
– As pessoas estavam mais mobilizadas, com mais receio de se contaminar com o coronavírus, então procuraram a vacina da gripe. Agora, a sociedade está menos preocupada, porque, ao menos em Porto Alegre, não tivemos um crescimento importante no número de casos. A população se dessensibilizou – lamenta o epidemiologista Natan Katz, secretário municipal adjunto da Saúde.
Apesar de não combater a covid-19, a vacina contra a influenza facilita o diagnóstico de outras doenças e evita a superlotação de hospitais. Conforme Natan, se os doentes crônicos não se prevenirem agora, as consequências podem vir logo adiante:
– Nossa preocupação é com a demanda de leitos, especialmente de UTI. Se as pessoas deixam de se vacinar, algumas delas podem ocupar esses leitos.
A baixa procura já faz a prefeitura repensar estratégias. Para alcançar mais gente – e evitar aglomerações na rua –, eram oferecidos semanalmente os drive-thrus, em que as pessoas recebem a vacina no carro. Mas, se na primeira fase da campanha, 12 mil pessoas eram imunizadas em menos de quatro horas, no último drive-thru foram 1,5 mil em um dia inteiro – o ponto do Morro Santana recebeu só 50 pessoas. A queda fez a modalidade ser cancelada na semana passada.
Nesta quinta-feira (14), haverá uma nova tentativa: os drive-thrus estarão no bairro Bom Jesus – em frente ao SESC da Protásio Alves – e na praça Comendador Souza Gomes, na Tristeza. Que o vexame não se repita.
Com Rossana Ruschel
