Uma violenta queda no movimento já começa a provocar demissões no comércio da João Alfredo, a conturbada rua boêmia da Cidade Baixa. Motivo: os bloqueios que a EPTC realiza às sextas e aos sábados, na quadra entre a Luiz Afonso e a República.
Ao restringir o acesso a carros, a ideia era poupar os moradores, expulsando da rua veículos que promoviam bailes funk a céu aberto. Funcionou, mas, como o bloqueio começa cedo, às 20h, restaurantes como o Tudo Pelo Social viram sua clientela minguar em até 80%.
– Precisei demitir quatro pessoas já. Se continuar assim nesta semana, vou ter que demitir mais três no sábado – lamenta Angelo Pilutti, proprietário do restaurante. – Eu vendia em torno de R$ 20 mil, agora vendo R$ 4 mil.
Dono do estacionamento Sender, situado ao lado do Tudo pelo Social, Gerson Szapsvay despediu um manobrista – e já colocou outro em aviso prévio:
– Perdi 60% do movimento nos meus dois melhores dias. Não pode estar certo isso.
Gerente de Fiscalização da EPTC, Zigomar Galvão reconhece que os bloqueios “não são a forma mais simpática” de lidar com o problema, mas avalia os resultados como positivos.
– Essa medida tem sido implantada em forma de teste, não significa que vá se manter. Não é legal para quem está indo para casa, por exemplo, ter que se identificar toda vez que for passar com o carro – assume Zigomar.
Ele afirma, no entanto, que proibir o estacionamento de veículos na rua, além de multar os carros que promoviam baile funk, não estava gerando resultados.
– É quase impossível guinchar um veículo no meio de milhares de pessoas. A gente levava garrafada, atiravam lata. Precisávamos estar sempre com o BOE, com o Choque, e virava um tumulto.
Os bloqueios devem prosseguir no fim de semana.