Contrariado com a coluna do dia 16 – que criticou a renúncia fiscal de R$ 45 mil da prefeitura para financiar uma equipe de rali –, o jornalista e consultor de esporte Silvio Ribeiro diz que "Zero Hora ajudou a colaborar para o desprestígio" dos atletas gaúchos.
Ex-diretor-geral da Secretaria Estadual de Esporte, Ribeiro lamenta que, após o texto, a prefeitura tenha suspendido a aprovação de todos os projetos encaminhados ao Proesporte. Trata-se de uma lei municipal que permite aos patrocinadores de eventos esportivos abaterem 70% do investimento em IPTU e ISSQN.
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Segundo Ribeiro, o investimento na equipe de rali "significa 0,0006% do orçamento da Capital" e o incentivo a atletas ou equipes, "independentemente do esporte, tem vários aspectos positivos: pode atrair uma etapa daquela modalidade específica para o município trazendo investimentos e gerando impostos".
A coluna reconhece a importância do Proesporte, mas segue sustentando que qualquer renúncia fiscal – especialmente quando o governo parcela salários e corta despesas em diversas áreas – precisa ter critérios de retorno para a sociedade.
Leia a íntegra do texto:
"Nem para o Esporte tem dinheiro
O que já é difícil ficou ainda pior. Quem não convive no dia a dia de atletas, sejam profissionais ou amadores não conhece a dura vida deles. No dia 16 de agosto um texto de Zero Hora ajudou a colaborar para o desprestígio desta categoria. Neste momento o programa Pró-Esporte está congelado, sem aceitar novos projetos ou dar andamento a projetos já aprovados. São atletas e projetos para crianças e adolescentes que não tem mais acesso ao recurso da lei.
Temos uma lei de incentivo ao Esporte que disponibiliza 2,3 milhões por ano para projetos nas áreas Educacional, Rendimento e Participação. O texto fazia uma referência a uma equipe de rali que iria receber 45 mil reais de incentivos fiscais, buscando mostrar que é inconcebível a Prefeitura incentivar projetos desta modalidade.
Algumas situações dessem ser levadas em conta. Esse investimento feito no projeto significa 0,0006% do orçamento da capital, se levarmos em conta o valor total do investimento no Pró-Esporte municipal o percentual chega a 0,003%. Em contrapartida a contribuição atual da cadeia produtiva do esporte para o PIB nacional já ultrapassa os 2,5%. Fora os dados de contribuição econômica, ainda há de se discutir o que pode a curto prazo um investimento em um atleta de rendimento trazer de dividendos ao município.
O investimento em um atleta ou em uma equipe de rendimento, independente do esporte, tem vários aspectos positivos. Pode atrair uma etapa daquela modalidade específica para o município trazendo investimentos e gerando impostos. Um bom rendimento de um atleta traz a influência para que novos adeptos surjam naquela modalidade e cria vínculos de identificação e de exemplo de conduta.
Agora o mais importante é que a lei do Pró-Esporte municipal é democrática e participativa. Todos cidadãos de Porto Alegre tem acesso à ela, sendo que quem tiver projetos e competência na captação, terá o benefício do incentivo fiscal.
Em 2016 a Prefeitura disponibilizou 2,3 milhões, mas apenas 1,4 milhão foram utilizados, pois a dificuldade em captar este recurso é imensa. O patrocinador paga o projeto e demora normalmente um ano para ter 70% do valor deduzido dos seus impostos municipais. Se começar a ter critérios excludentes de esportes, modalidades, categorias ou qualquer outra exclusão, será cada vez menor a captação dos projetos e o desenvolvimento do esporte em Porto Alegre."